terça-feira, 25 de junho de 2013

Top ten Tuesday - best books you've read to so far in 2013!

Depois de quase três semanas de ausência aqui no blog (tenho mesmo que pedir desculpas...!!) estou (quase) de volta :) . Bem, ainda não estarei de volta a 100% mas dentro de uma semana conto conseguir muito tempo livre para escrever as opiniões atrasadas (sim, não vir aqui não significa que esteja parada e já tenho 6 em atraso...uiiii) e pôr as coisas todas em dia.

Quanto ao Top Ten de hoje, os melhores de 2013 até agora. Neste momento tenho 22 livros lidos e um vigésimo terceiro "na forja" mas esse ainda não conta. Da maioria dos livros fui conseguindo dar-vos a conhecer a minha opinião no blog. Assim, vou apenas colocar as imagens  de capa dos melhores do ano até agora e podem aceder à minha opinião, caso estejam interessados na mesma, clicando na imagem.




















Não chego aos dez mas a verdade é que apenas aos 4 primeiros dei (ou darei) pontuações altas. Por enquanto, são estes os melhores do ano, lá para Dezembro veremos as modificações na lista :)

domingo, 2 de junho de 2013

A Marca das Runas

Título: A Marca das Runas
Série/Saga: Crónicas das Runas, #1 (Runemarks, #1)
Autor: Joanne Harris
Tradução: Isabel Fraga
Edição: Edições Asa
Nº de páginas: 528
ISBN: 9789892321813

"Maddy Smith nasceu com uma marca que ditou o seu destino. A runa inscrita na sua pele é um símbolo dos Antigos Deuses, uma marca mágica. E perigosa. Na pequena aldeia onde vive todos a receiam e excluem. Mas Maddy não renega a sua sorte. Pelo contrário, ela adora magia. Mesmo que isso a condene à solidão. Quinhentos anos passaram desde Ragnarók - o flagelo que marcou o Fim dos Tempos -, e a Nova Ordem impôs regras que ditam o aniquilamento do Caos, da Magia, dos Sonhos e da Imaginação. À medida que os seus feitiços ficam cada vez mais fortes, Maddy sabe que será apenas uma questão de tempo até os Examinadores da Ordem a identificarem e perseguirem. E tempo é algo que o Mundo não tem... agora que a ameaça de destruição é cada vez mais real. Isolada, Maddy pode apenas contar com o ancião seu mentor, que lhe dá a conhecer as lendas nórdicas, com os seus deuses e criaturas maravilhosas. Invisível para a maioria das pessoas, este Mundo Subterrâneo encerra a chave do seu passado. Dela depende o destino do Mundo, mais uma vez..."

Joanne Harris habituou o seu publico a romances esotéricos de um estilo muito próprio e mágico. Aqui, a magia está presente mas a magia não está tão diluída, afinal esta é uma mágica história que a autora começou por contar à sua filha ao deitar, acabando depois por  a passar para o papel. Ainda que não seja o seu habitual registo, Harris revela-se uma excelente contadora de histórias capaz de nos prender desde as primeiras páginas.

Desengane-se quem pensa que este livro é destituído de complexidade. Numa trama intrincada, marcada pela mitologia nórdica e com personagens algo complexos, Joanne Harris narra-nos a história de uma menina que, por nascer com uma marca no corpo, é vista como estranha e algo ostracizada na pequena aldeia em que cresce. Os personagens são numerosos e todos eles têm uma personalidade muito própria, se bem que o humor é algo que é comum a todos - de deuses a aldeões, todos são capazes de nos arrancar sorrisos ou mesmo gargalhadas. Todos os personagens são fortes e todos personificam alguma característica psicológica ou valor que marcam o ser humano - amor, coragem, sorte, força, ira, vingança... Talvez isso impeça alguns personagens de crescer mais mas, simultaneamente, permite à autora fazer certos jogos psicológicos muito interessantes.

A viagem - exterior e interior - de Maddy é longa e cheia de obstáculos, acabando por guiá-la a zonas profundas  e obscuras, evitadas pela grande maioria de humanos e deuses. A coragem é algo que não falta a esta jovem em busca de um artefacto mágico muito antigo mas, sobretudo, em busca de si mesma e das suas origens. E apesar de o leitor mais atento, ou talvez mais conhecedor dos mitos nórdicos, cedo ser capaz de adivinhar alguns dos detalhes que vão marcar o final da narrativa isso não retira em nada o prazer da leitura. Este facto talvez se deva à sucessão de profecias e segredos que levam a que o ritmo de acção seja elevado e se mantenha constante e mesmo quando adivinhamos o que ai vem... não conseguimos parar de ler.

Um elemento central e importante da narrativa é, sem sombra de dúvida, a sempre presente nos livros da autora, luta entre o Bem e o Mal, o Caos e a Ordem, a religião e a magia. O leitor é levado a ver que estas são duas faces da mesma moeda. A Ordem e o Caos vivem ambas dentro de todo o ser humano, criaram e mantém vivo o Universo e o importante é manter o equilíbrio para que a balança não penda apenas para um lado porque os extremismos são sempre perigosos e podem levar-nos a percorrer caminhos sinuosos. Curioso foi ver, no meio de tanta mitologia a opção de Joanne Harris no que respeita à personificação do extremismo da Ordem num conjunto de inquisidores e numa "igreja" muito à la inquisição católica. É uma crítica subtil a algumas posições que a Igreja de Roma tomou no passado ou continua a defender no tempo presente.

Resumindo, aquilo que à primeira vista parece ser uma simples história de crianças (e tem vastas vezes sido classificado como tal) só o é no seu colorido e na inocência que marca alguns episódios ou personagens porque, embora a linguagem seja simples e a trama seja, muitas vezes previsível, este é o relato de uma viagem ao interior do ser humano e dos seus medos que nos leva por um mundo complexo, repleto de magia e onde qualquer adulto consegue ver muito mais do que, inicialmente, esperava. E quanto a esta última afirmação, não posso deixar de dar os meus parabéns à editora pela nova capa que, em minha opinião, consegue espelhar melhor o público que se agradará com obra.
Um livro capaz de agradar tanto aos mais novos como aos não tão jovens.

7/10