terça-feira, 13 de abril de 2021

The Invisible Life of Addie LaRue

 Título: The Invisible Life of Addie LaRue
Autor: V.E. Schwab
Edição: Titan Books para Illumicrate (ed. especial)
Nº de páginas: 454

Sinopse: 

FRANCE, 1714
A desperate woman makes a desperate deal in the dark - a bargain to live forever but be remembered by none.
So begins the invisible life of Addie LaRue, shadow muse to artists throughout history, forgotten friend, confidante and lover, slipping away with the morning light. Addie passes through lives, desperate only to leave a trace of herself. Until the day she walks back into a small bookshop in Manhattan and meets Henry, who remembers her.
After 300 years Addie's life is restarting, but the devil never plays fair. As Henry and Addie's lives start to intertwine, they must face the consequences of the decisions they've made and the prices to be paid.
The Invisible Life of Addie LaRue is a dazzling adventure across centuries and continents, across history and art, about a young woman learning how far she will go to leave her mark on the world.



Opinião:

Se já foram ver a página de instagram, sabem que tenho sentimentos muito âmbiguos em relação a este livro. Por um lado adorei, é das narrativas mais bonitas que tive o prazer de ler em muito, muito tempo. Por outro lado, custou-me horrores a terminar. Encalhei pouco depois das 200 páginas lidas e vi-me e desejei-me para conseguir ultrapassar a coisa. Vou tentar explicar-me o melhor que puder para que possam perceber como me sinto.

Com este livro a autora atingiu um nível de qualidade de escrita que nunca lhe tinha visto. A história é narrada de forma poética e suave e muito, muito doce apesar de muitos dos temas abordados não serem propriamente fofinhos. Esta escrita é envolvente e conquista-nos. Faz-nos laços profundos com a personagem da Addie porque acredito que descreve momentos e sentimentos vividos pela grande maioria dos leitores, toda a gente se vai poder identificar com aquilo que ela vive e sentem em algum momento do livro. Além disso, as coisas descritas com palavras bonitas tocam-nos mais. E foi assim que a V. E. Schwab me conquistou logo nas primeiras páginas, com uma linguagem maravilhosamente doce e poética. 

Onde é que está então o problema? Bem, para começar, este estilo, a voz do livro, imprime um ritmo mais lento à narrativa. Não me incomodou o facto de ser bastante descritiva porque a descrição era boa, o que me incomodou foi a lentidão, a falta de acção. 
Normalmente esta autora escreve histórias com mais aventura e acção e a permissa tinha tudo para envolver algo do género afinal são 300 anos de História com episódios super importantes e artistas (com quem supostamente a Addie se cruza e os quais influencia) super interessantes em todas as áreas. Pensei que ia assistir ao envolvimento dela com esses artistas ou em momentos históricos marcantes mas a autora não optou por essa via. Talvez tenha sido esta expectativa, juntamente com todo o sururu que se criou em torno do livro, mesmo antes de este ter saído, que me "estragou" um pouco a experiência. Porque a verdade é que nem eu sei porque não posso dar 5 estrelas ou porque me custou tanto a ler uma vez que é um livro verdadeiramente bonito e que me tocou, que me deixou a pensar e me fez encarar certas coisas de um modo diferente. 

Basicamente seguimos a Addie pelas ruas do mundo - gosto do trocadilho, o nome dela é LaRue, "a rua" em francês, e é precisamente nas ruas que ela passa a viver depois do acordo que faz, tornando-se parte delas -, sempre lá mas sem ser notada e vemos como sofre por ser esquecida a toda a hora e por não ter amor na sua vida. Todos buscamos amor e há-o de vários tipos e este também é um livro sobre isso, o amor do pai que faz tudo pela sua filha, o amor de uma amizade simples e descomplicado, o amor de alguém que nos prepara para a vida mas nos tenta proteger dela e, na personagem de Estele o amor por si próprio levado às últimas consequências. E agora pergunto, porque raios é que a Addie se centra apenas em encontrar um amor romântico e não apenas amor? Achei este aspecto um pouco redutor.

Nas últimas 150 páginas, mais coisa menos coisa, a magia voltou e a autora conseguiu não só reconquistar-me como pôr-me a chorar como uma Madalena. Afinal, este é um livro sobre coisas tão simples como a constatação de que a vida é sempre um momento mais curta do que queriamos e de que, além de todos termos que ir quando chega a nossa hora, todos perdemos aqueles que amamos pelo caminho. É um livro sobre perda, sobre a necessidade que o ser humano tem de deixar a sua marca no mundo e nos outros, de não desparecer na poeira da História; é um livro sobre a necessidade de não deixar nada por dizer e a importância de dizermos exactamente o que desejamos. 

Resumindo, não partam para esta leitura a pensar nos demais livros da autora porque não é nada como os restantes. Aliás, não é a normal narrativa de fantasia. Vão sem expectativas e sabendo que o ritmo é lento mas que a escrita é tão maravilhosa que acabará por vos conquistar rapidamente e, sobretudo, vão sabendo que vos vai tocar, que em algum momento não vão poder fugir às vossas emoções e vão derramar umas lágrimas não apenas pelos personagens mas, sobretudo, por vós e pelas vossas vidas.