Mostrar mensagens com a etiqueta Bertrand. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Bertrand. Mostrar todas as mensagens

sábado, 3 de julho de 2010

Sangue do Coração

Título: Sangue-do-Coração
Autor: Juliet Marillier
Tradução: Marta Teixeira Pinto
Edição: Bertrand
Nº de páginas: 399

" Whistling Tor é um lugar de segredos, uma colina arborizada e misteriosa que alberga a fortaleza de um chefe tribal cujo nome se pronuncia na região com repulsa e amargura. Há uma maldição que paira sobre a família de Anluan e o seu povo; os bosques escondem uma força perigosa que prenuncia desgraças a cada sussurro.
No entanto, a fortaleza solitária é um porto seguro para Caitrin, uma jovem escriba inquieta que foge dos seus próprios fantasmas. Apesar do temperamento de Anluan e dos misteriosos segredos guardados nos corredores escuros, este lugar há muito temido providencia o refúgio de que ela tanto precisa. À medida que o tempo passa, Caitrin aprende que há mais por detrás do atormentado jovem e dos estranhos membros do seu lar do que ela pensava. Só através do seu amor e determinação é que a maldição poderá ser desfeita e Anluan e a sua gente libertados..."
Juliet Marillier é uma exímia contadora de estórias, a sua imaginação fluí por caminhos mágicos e de lendas antigas e a sua escrita simples e límpida leva-nos a mergulhar na narrativa de uma forma quase única. Neste novo volume somos levados a Whistling Tor, um local misterioso e onde o sobrenatural impera; aqui nada é o que parece e há muito mais do que à priori imaginamos por detrás de cada personagem. As descrições ricas e os caminhos que trilhamos guiados pela imaginação da autora contribuem muitíssimo para a magia deste livro, para nos fazer realmente sentir no centro da colina envolta pela neblina e pelo mistério.
As personagens, como sempre, são cativantes e revelam evolução e crescimento no desenrolar da estória, sobretudo a personagem de Caitrin que conhecemos como uma rapariga fragilizada que foge do seu passado e ao longo da narrativa vai evoluindo para uma jovem mulher, lutadora e corajosa que defende com todo o coração aquilo em que acredita. Gostei de confirmar que Juliet continua a criar personagens femininos fortes e independentes, mulheres avançadas para a época e mundo que marcam a narrativa, capazes de agirem e pensarem por si.
Gostei bastante da estória, adorei o rumo imprevisto que a narrativa tomou na parte final pois apesar de me perguntar constantemente onde estaria determinada personagem (não posso dizer o nome nem dar mais dados sem spoilers), de me questionar acerca do seu destino, nunca me passou pela cabeça o final descrito. A ideia geral do livro é muito cativante e o desenvolvimento foi bastante bem conseguido, contudo e apesar de Marillier ser Marillier e de os fãs perceberem o que quero dizer com isto, pareceu-me que este foi a sua obra mais fraca. Os ingredientes estão todos lá mas deu-me a sensação de que por vezes a autora se alongava demasiado em pormenores sem importância, que havia um certo "encher chouriços" em determinados pontos da narrativa. Mas... esta é apenas a minha opinião e ainda assim não estragou por ai além o prazer que é sempre ler uma obra desta autora.
7/10

quarta-feira, 10 de março de 2010

A Guilda dos Mágicos

Título: A Guilda dos Mágicos
Autor: Trudi Canavan
Tradução: Andreia Mendonça
Edição: Bertrand Editora
Nº de páginas: 446

"Todos os anos os mágicos de Imardin reúnem-se para purgar as suas ruas da cidade. Mestres de disciplina e da magia, sabem que ninguém se pode opor à sua vontade. Porém, o seu escudo protector não é tão impenetrável quanto acreditam. Quando uma multidão de pessoas é expulsa da cidade, Sonea, uma jovem rapariga, enraivecida com a autoridade dos mágicos e do tratamento que impuseram à sua família levando-os à miséria, atira uma pedra ao escudo. Para espanto de todos, a pedra atravessa o escudo e deixa um dos mágicos inconsciente. Trata-se de um acto inconcebível, e a Guilda dos Mágicos apercebe-se que o seu pior pesadelo se tornou realidade: existe alguém com poderes mágicos por treinar à solta pelas ruas, e deverão encontrá-la o mais depressa possível, antes que os seus poderes fora de controlo libertem forças que irão destruí-la a ela e à cidade."
A Guilda dos Mágicos é o primeiro volume da Trilogia do Mágico Negro, uma das mais recentes apostas da Bertrand no que toca ao fantástico. Neste volume temos um primeiro contacto não só com os personagens mas com todo um mundo marcadamente medieval no qual se desenrola a acção. Toda a história começa no dia da "Purificação", uma tradição levada a cabo pela Guilda dos Mágicos e que visa purgar a cidade de Imardin de todo e qualquer pobre, ladrão ou ser mais desafortunado que povoe as ruas. Um grupo de jovens junta-se para desfiar os Mágicos e, no meio da confusão, Sonea, uma jovem pobre habitante de uma das favelas da cidade, consegue o impensável e quebrando as barreiras de protecção mágicas atinge um dos Mágicos com uma pedra. A partir deste momento inicia-se uma fuga e perseguição que levará os personagens deste livro a percorrer toda a cidade, muitas vezes pelos caminhos mais inusitados.
A estória divide-se em duas partes, a fuga/perseguição propriamente dita e uma segunda parte mais centrada na Faculdade, nos domínios da Guilda dos Mágicos. Um ponto positivo é a narrativa na 3ª pessoa que nos proporciona uma visão mais lata dos acontecimentos, pois vai-nos mostrando o que acontece através do ponto de vista tanto de Sonea como dos ladrões que a ajudam a fugir e dos mágicos que a perseguem. Aqui devo ainda destacar os diálogos que, ainda que possam por vezes parecer excessivos, são bastante relevantes para o desenrolar da acção e fornecem-nos algumas pistas. Neste ponto tenho ainda que referir o bom trabalho de tradução, sem ele os diálogos haviam perdido não só toda a piada como muitos deles deixariam de fazer qualquer sentido.
Apesar da história estar bem construída e da ideia base de toda a narrativa ser bastante sólida, não há nada realmente novo e o que melhor podia ter sido aproveitado pela autora para nos cativar e nos fazer entrar no seu novo mundo foi um pouco negligenciado. Isto é, em relação às personagens ficamos com a sensação que algumas nos caíram ao colo vindas não se sabe de onde e mesmo aquelas que nos seguem durante toda a narrativa têm aspectos algo menos bem explicados, ficamos sem saber como chegaram a determinado ponto do seu percurso ou o porquê de determinadas decisões. Os cenários são também um ponto muito pouco explorado. Este novo mundo é-nos dado a conhecer apenas ligeiramente e mesmo a cidade de Imardin onde se centra toda a acção é pouco explorada e explicada. Os domínios da Guilda dos Mágicos, na segunda parte da narrativa, prometiam um aproveitamento que não se concretizou.
Ainda que peque por estes aspectos e pela falta de intriga secundária, é um livro que se lê bastante bem e que no final, mesmo, mesmo no finalzinho, nos deixa com a pulga atrás da orelha e nos levanta a curiosidade para o próximo volume.
Penso que será o ideal para um público mais jovem em busca de uma narrativa que consiga com sucesso a transição de uma leitura mais young e simples para algo um pouco mais adulto que os possa levar depois a descobrir novos mundos.
6/10

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Bertrand à venda

O grupo alemão Bertelsmann colocou à venda os seus activos em Portugal, entre os quais a rede de livrarias Bertrand, o clube Círculo de Leitores e as suas editoras Bertrand, Pergaminho, Temas & Debates e Quetzal.
Fundada em 1835 e presente em mais de 60 países a Bertelsmann conta com 54 lojas no nosso pais e emprega cerca de 650 pessoas. Em 2008 o grupo facturou 65 milhões de euros e conta com 300 mil associados no Círculo de Leitores. Segundo os dados disponíveis o grupo cresceu 14% em 2009 mas ainda assim a decisão de vender foi em frente.
Segundo avança o Diário Económico, a empresa já sondou vários potenciais compradores.“De acordo com a estratégia de reposicionamento do negócio em Portugal, o Direct Group Bertelsmann está actualmente a rever todas as opções, tendo em conta a estrutura accionista da empresa portuguesa. Neste processo, estamos a ter intensas discussões com várias partes de forma a avaliar diferentes opções. Este é um processo em Aberto e pode ou não conduzir à venda do negócio”, avançou fonte oficial da Bertelsmann. A Bertelsmann é uma das maiores empresas mundiais de media. Fundada em 1835, está presente em mais de 60 países.
Será que vamos ver mesmo o fim da Bertrand ou que esta venda vai ser solução para alguns dos problemas sentidos pelos clientes?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Herdeiro de Sevenwaters

Título: O Herdeiro de Sevenwaters
Autor: Juliet Marillier
Tradução: Ana Neto
Edição: Bertrand
Nº de páginas: 477

"Os chefes de clã de Sevenwaters são há muito guardiões de uma vasta e misteriosa floresta, um dos últimos refúgios dos Tuatha De Danann, as Criaturas Encantadas que povoam as velhas lendas. Aí, homens e habitantes do Outro Mundo coabitam lado a lado, separados pelo finíssimo véu que divide os dois reinos e unidos por uma cautelosa confiança mútua. Até à Primavera em Lady Aisling de Sevenwaters descobre que está grávida e tudo se transforma.
Clodagh teme o pior, uma vez que Aisling já passou há muito tempo a idade segura para conceber uma criança. O pai de Clodagh, Lorde Sean de Sevenwaters, depara-se com as suas próprias dificuldades, vendo a rivalidade entre clãs vizinhos ameaçar fronteiras do seu território. Quando Aisling dá à luz um filho varão - o novo herdeiro de Sevenwaters - Clodagh é incumbida de cuidar da criança duarnte a convalescença da mãe.
A felicidade da família cedo se converte em pesadelo quando o bebé desaparece do quarto e uma coisa não natural é deixada no seu lugar. Para reclamar o irmão de volta, Clodagh terá de entrar nesse reino de sombras que é o Outro Mundo e confrontar o poderoso princípe que o rege. Acompanhada nesta missão por um guerreiro que não é exactamente o que parece, Clodagh verá a sua coragem posta à prova até ao limite da resistência. A recompensa, porém, talvez supere os seus sonhos mais audazes..."
Depois de ter estado esgotado durante alguns meses, lá consegui há uns dias comprar um exemplar de O Herdeiro de Sevenwaters, livro que há muito queria ler. Juliet Marillier sempre nos habituou a histórias de grande qualidade e a deliciosos momentos de leitura, apesar de ultimamente ter optado por uma estilo mais leve dedicado a um público algo mais jovem. O leitor mais conhecedor da obra de Marillier denota facilmente, nesta nova narrativa, traços desta sua mais recente opção de escrita mas mesmo assim o livro não perde muito.
Quando escreve sobre Sevenwaters, Juliet escreve com mais alma, as descrições são mais vividas, os Seres Encantados ganham uma vida e uma presença muito mais acentuadas que nas demais narrativas, até as cores com que imaginamos os cenários enquanto a história desfila perante os nossos olhos ganham um brilho diferente. É precisamente isto que torna este livro especial, o retorno a Sevenwaters. Embora alguns dos personagens já nossos conhecidos não passem aqui de meras referências e até o Outro Mundo esteja agora povoado de criaturas que não conhecemos de todo devido a uma mudança na cena "política" que deixa Mac Dara na liderança, voltar a estes cenários que tão bem conhecemos e que são tão queridos dos fãs desta autora é sempre um ponto positivo.
Gostei bastante do enredo desta narrativa que se passa no mundo dos humanos e no das criaturas encantadas em partes quase iguais, dando-nos assim uma perspectiva da realidade no Outro Mundo um pouco distinta daquela que nos é passada na Trilogia de Sevenwaters. Os seres encantados continuam a gostar de brincar com os destinos humanos mas aqui torna-se claro que nem todos são iguais, que há divergências e problemas de índole por vezes quase política entre eles. Ainda assim, não achei que os personagens humanos fossem tão fortes como os das narrativas anteriores (é difícil competir com Sorcha e os irmãos), são personagens bem construidos e cuja evolução se denota ao longo da narrativa mas não consegui sentir uma grande empatia com um jovem guerreiro revoltado (embora reconheça que até certa altura está fortemente envolto numa capa de mistério que nos aguça a curiosidade) e um rapariguinha com problemas de auto-estima. O personagem que mais interesse me despertou, embora não saiba explicá-lo muito bem, foi Becan. Não percebi muito bem este meu encanto dado que Becan é um bebé que, como tal, nem sequer fala. è muito por sua causa que a história se desenrola e começa a ganhar novos contornos e talvez seja por isso que me agrada.
O final deixa antever um desejo da autora em voltar a pegar no destino destes personagens, talvez através dos filhos deles ou até quem sabe dos próprios. Espero sinceramente que tal seja possível, ler Marillier é sempre uma experiência mágica.
Devo fazer uma referência final para a tradução que, desta vez, achei deveras melhor que as anteriores, não tendo encontrado eu falhas dignas de nota. Como já foi dito noutros blogs, parece que finalmente a Bertrand se dignou a dar a Marillier a atenção que a autora merece no que respeita a tradução e revisão.
8/10