segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Aquisições de Setembro

Já passou mais um mês e desta vez não me portei mal de todo. Tenho andado a ler todos aqueles livrinhos que formaram, desde o início do ano, uma pilha que cresce cada vez mais junto da minha cama!! Apesar das novidades que me tentam a toda a hora tenho andado a "segurar-me" e até nem tem corrido mal :)












segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Os Doze

Título: Os Doze
Série/Saga: Passagem (Passagem, #2)
Autor: Justin Cronin
Tradução: Miguel Romeira
Edição: Presença
ISBN: 9789722350037
Nº de páginas: 728


Os Doze é a sequela de A Passagem, um bestseller internacional que nos dá a conhecer um mundo transformado num pesadelo infernal por uma experiência governamental que não correu como previsto. No presente, à medida que o apocalipse provocado pela mão humana se vai intensificando, três personagens tentam sobreviver no meio do caos. Lila, uma médica e futura mãe; Kittridge, que se viu obrigado a fugir do seu baluarte com poucos recursos; e April, uma adolescente que se esforça por manter em segurança o irmão mais novo num cenário de morte e destruição. Mas, embora ainda não o saibam, nenhum dos três foi completamente abandonado...

A uma distância de 100 anos do futuro, Amy e os outros sobreviventes continuam a lutar pela salvação da humanidade... sem se aperceberem de que as regras foram alteradas. O inimigo evoluiu, e surgiu uma nova ordem negra com uma perspetiva do futuro infinitamente mais terrífica do que a da própria extinção humana.

Não se está a revelar uma tarefa nada fácil falar deste livro. Por um lado não quero entrar em spoilers, por outro é um livro longo e, como se tal não bastasse, é um livro com uma estranha densidade. Tinha uma enorme vontade de ler esta sequela de A Passagem desde que li o primeiro volume da trilogia (podem ler opiniões aqui e aqui); queria muito saber se o autor conseguia manter o nível e como ia continuar a desenvolver um mundo que em tantas coisas é tão semelhante ao mundo dos nossos dias sendo, simultaneamente, aterradoramente diferente. Não fiquei desiludida. 

A narrativa tem lugar em 3 fases, um pouco à semelhança daquilo que já havia acontecido no volume anterior, com loops e saltos temporais que primeiro nos confundem mas depois se revelam mais do que justificados. 
A acção central tem lugar 5 anos após os acontecimentos narrados no volume anterior mas numa fase inicial somos de novo transportados ao Ano Zero e a 79 D.V. No Ano Zero deparamo-nos com um novo leque de personagens e, devo confessar, que de inicio não percebi muito bem porque nos eram apresentadas. Mas com Cronin tudo tem uma razão de ser e, se não o perceberem antes, quando estes capítulos chegarem ao final vão compreender perfeitamente quem são. Através deles somos capazes de compreender como é que a humanidade lidou com o vírus quando se deu a catástrofe. Já tínhamos tido umas luzes sobre a temática mas principalmente pelos olhos de Amy, Wolgast e do pessoal do Chalé. Desta vez vemos os acontecimentos pelos olhos de pessoas normais que nada sabiam do que se passava. Todas estas personagens são, à sua maneira, fortes mas cheias de fraquezas e defeitos, são muito humanas e torna-se fácil para o leitor conseguir identificar-se com a maioria delas e sofrer pelo destino que lhes sabemos reservado. É uma fase narrativa que serve principalmente para mostrar a humanidade como um todo cheio de vontade de viver que luta até a o fim contra as adversidades e para dar a conhecer ao leitor um pouco mais das raízes de alguns personagens, das colónias e até do disseminar do vírus.

No ano 79 D.V. conhecemos uma nova colónia. Não uma pequena colónia como aquela onde viviam os protagonistas principais desta trilogia, mas uma verdadeira cidade que conseguiu subsistir e combater os perigos que o pôr do sol trás. Ainda assim, as equipas de segurança não são invenciveis e, por vezes, o pior acontece. O pequeno episódio narrado parece, mais uma vez, algo descontextualizado contudo, à posteriori, as peças encaixam na perfeição. É esta uma das capacidades que mais admiro no autor. É um especialista em explicar-nos de forma não linear que nenhum dos personagens está num determinado local por acaso, assim como também não há coincidências no desenrolar de acontecimentos e nos encontros entre todos os personagens. Tudo é justificado, nada acontece por acaso mas o leitor tem que tirar as suas próprias ilações, encontrar o fio condutor e compreender o todo. Estes capítulos também têm como finalidade mostrar ao leitor como um único momento pode definir aquilo em que uma pessoa se torna, moldá-la e determinar a forma como se vai comportar pela vida fora (as escolhas feitas nem sempre são tão aleatórias como podem parecer).

Já no ano de 97 D.V, o período em que a narrativa central se desenrola, as coisas não correm como o desejado aos protagonistas e a caçada pelos Doze está ameaçada. Em vez de vos fazer aqui um resumo da coisa vou apenas tentar expor aqueles factos que achei mais determinantes para o que pode vir a seguir e os aspectos que achei melhor conseguidos como, por exemplo, a existência de uma sociedade fascista com ambições imperiais. Se pensávamos que havia coisas más que se haviam perdido com a quase extinção da humanidade... estávamos enganados. O ser humano, por vezes parece quase naturalmente mau, tem dentro luz e sombras que o tornam aquilo que é e quando humanos ambiciosos se tornam algo mais e possuem poder acima dos demais as coisas, normalmente, não acabam bem. Numa sociedade ameaçada e que tenta reerguer-se das cinzas um poder superior que se impõe e usa a defesa  do "bem estar dos mais fracos" como forma de se afirmar, tendo à cabeça uma louca e um egoísta narcisista, é capaz de só poder acabar mesmo em injustiça, abuso e sofrimento. Há um sublimar da maldade e um enorme desprezo por tudo o que é diferente e mais fraco nesta nova sociedade que espelha bem demais a nossa própria sociedade, o nosso comportamento quotidiano e o modo individualista como actuamos face aquilo que nos rodeia. E aqui a nova visão que temos dos virais é um dos aspectos mais estranhos. Alguns conseguem pensar, organizar-se e tornar-se algo mais que máquinas de matar enquanto que outros não passam de restos daquilo que um dia foram. Será do sangue que os transformou? Poderá haver algo mais que venha a justificar estas tão marcadas diferenças no seio de uma espécie nova e da qual pouco sabemos? Os comportamentos dos mesmos em relação uns aos outros e à raça humana também são intrigantes, chegando mesmo a ser inquietantes (este aspecto ainda não ficou muito bem explicado mas suponho que no próximo livro as coisas se tornem mais claras). Há um sublimar da maldade e um enorme desprezo por tudo o que é diferente e mais fraco nesta nova sociedade que espelha bem demais a nossa própria sociedade, o nosso comportamento quotidiano e o modo individualista como actuamos face aquilo que nos rodeia.

Um dos aspectos mais curiosos deste volume é a mística religiosa ligada aos personagens. O leitor já tinha compreendido que Amy era uma espécie de profeta que quase podia ser equiparada a um Jesus Cristo que veio à terra única e exclusivamente para salvar a humanidade. Agora vemos uma Amy ainda mais visionária e que cresce, ganha novos contornos (literalmente e em muitos sentidos...). Contudo as ligações à Biblia e à religião católica não se esgotam nesta personagem. O prólogo possui um tom marcadamente biblico-religioso e há até uma ordem de freiras na cidade que tomam conta dos orfãos e seguem os preceitos da pobreza e do amor ao próximo. Por sua vez o Zero e os Doze podem ser vistos como a antítese, não só de Amy, mas também de Cristo e dos apóstolos. Na sua essência funcionam como um anti-cristo e os seus doze discípulos havendo até lugar a um Judas na figura de Carter - aquele que trai os demais indo claramente contra aquilo que é a vontade dos mesmos. A ressurreição, a vida depois da morte e a existência de uma alma que perdura estão também presentes não apenas no modo como as almas dos Doze estão ligadas umas às outras, ou na maneira como as almas dos virais se unem à do seu "senhor" mas, sobretudo, na presença de Wolgast e no final que este e a sua "família" alcançam.
O autor desmonta e recria um sem número de preceitos, conceitos, mitos e crenças ligados, sobretudo, à fé católica construindo um mundo que é uma espécie de réplica não tão distorcida daquele em que vivemos. No final do livro é através de toda esta mística que o leitor pode tentar adivinhar aquilo que poderemos, ou não, ler num volume próximo.

Resumindo (e esperando não ter feito uma grande confusão; esperando ter conseguido ser o mais clara possível sem revelar demais), recheada de personagens fortes e muito humanas, com uma boa dose de acção e muito mistério é uma sequela magnifica onde as peças se encaixam e nada é deixado ao acaso. Esta está a revelar-se, sem sombra de dúvidas, a melhor trilogia distópica de sempre.
Recomendadíssimo.
9/10

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Top Ten Books I Would Love To See As A Movie/TV Show

O tema desta semana é Top Ten Books I Would Love To See As A Movie/TV Show (set in a perfect world...in which movies don't butcher the books we love.)  portanto, livros que gostariamos de ver bem adaptados ao cinema ou TV. E quando dizemos bem, queremos dizer num ambiente e de uma maneira que não "assassine" completamente a narrativa e aquilo que lemos e imaginámos ao ler. Não é tarefe fácil. Ainda assim, as adaptações cinematográficas têm vindo a melhorar cada vez mais e a defraudar cada vez menos. 
Este Top Ten não é muito difícil. Na verdade, penso que não me  engano se disser que todos nós gostávamos de ver os nossos livros preferidos bem adaptados ao ecrã. Por outro lado, há sempre um ou outro livro que lemos e que nos faz automaticamente pensar "Isto dava um grande filme...". Tendo em conta estes dois factores, deixo a minha lista (que só por acaso deve ser imensamente parecida com esta).




















E vocês, iam ao cinema ver a história de que livro?

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Kushiel's Scion

Título: Kushiel's Scion
Série/Saga: Imriel's Trilogy (Imriel's Trilogy, #1)
Autor: Jacqueline Carey
ISBN: 9780446610025
Nº de páginas: 944

AVISO: Tanto a sinopse como a minha opinião contém alguns spoilers relativos à saga Kushiel's Legacy publicada  em Portugal pela SdE.



Imriel de la Courcel's blood parents are history's most reviled traitors, but his adoptive parents, the Comtesse Phèdre and the warrior-priest Joscelin, are Terre d'Ange's greatest champions.

Stolen, tortured, and enslaved as a young boy, Imriel is now a Prince of the Blood, third in line for the throne in a land that revels in art, beauty, and desire. It is a court steeped in deeply laid conspiracies ... and there are many who would see the young prince dead. Some despise him out of hatred for his birth mother Melisande, who nearly destroyed the realm in her quest for power. Others because they fear he has inherited his mother's irresistible allure - and her dangerous gifts. And as he comes of age, plagued by dark yearnings, Imriel shares their fears.
At the royal court, where gossip is the chosen poison and assailants wield slander instead of swords, the young prince fights character assassins while struggling with his own innermost conflicts. But when Imriel departs to study at the famed University of Tiberium, the perils he faces turn infinitely more deadly. Searching for wisdom, he finds instead a web of manipulation, where innocent words hide sinister meanings, and your lover of last night may become your hired killer before dawn. Now a simple act of friendship will leave Imriel trapped in a besieged city where the infamous Melisande is worshiped as a goddess; where a dead man leads an army; and where the prince must face his greatest test: to find his true self.


Quando terminei a leitura da série Kushiel's Legacy fiquei  por um lado muito curiosa com esta nova série, por outro lado com um valente "amargo de boca" por saber que, pelo menos tão cedo, não vai ser publicada em português. Posto isto, deixei-me de coisas e decidi arriscar ler no original. Como devem lembrar-se, sou um bocadinho alérgica ao inglês, além disso a linguagem da autora é muito cuidada e eu estava um bocado receosa de não conseguir lê-la no original. Enganei-me. Comecei devagarinho mas quando dei por mim já tinha lido cerca de 50 páginas e estava a perceber tudo!!

A narrativa tem início cerca de 2/ 3 anos depois dos acontecimentos narrados no último volume da trilogia anterior e aqui temos como narrador Imriel  nó Montreve de La Courcel, filho biológico da malograda vilã Melisande Shahrizai, adoptado por Phédre e Joscelin depois do resgate levado a cabo pelos últimos. A vida é calma e sem grandes problemas nos domínios da Comtesse mas, à semelhança do que já tinha acontecido antes, a chegada de correio vai deitar por terra a paz alcançada. Melisande, que tinha até então cumprido todas as suas promessas e se tinha mantido no Templo de Asherat do Mar em La Serenissíma, acaba de desaparecer sem deixar rasto. Imriel, que nunca lidou bem com a herança de traição deixada pela mãe, deixa-se abalar pelos acontecimentos e o seu tumulto interior agrava-se (isto de praticamente ter "TRAIDOR" escrito na testa não deve ser nada simples).

Na verdade, grande parte deste livro é marcado pela luta interior do jovem. Por um lado quer ser o filho extremoso e amoroso de Phèdre, quer achar-se merecedor do amor e das oportunidades que lhe foram dados tanto pela anguisette como por Joscelin. Por outro lado, Imriel é um Shahrizai, um herdeiro de Kushiel e, como tal, extremamente susceptível às suas dádivas, desejos e a todo o negro legado que marca a família. Aprender a lidar com os seus desejos mais negros, com o facto de viver sob o mesmo tecto que "a eleita de Kushiel" e com tudo o que isso acarreta, descobrir quem é e onde pertence é a grande viagem a que assistimos neste volume. É uma viagem interior em que o personagem cresce e ganha maturidade. Neste ponto penso que o livro é muito semelhante ao primeiro da trilogia anterior em que assistimos ao crescimento e desenvolvimento de Phèdre ao mesmo tempo que vamos sendo apresentados a um enorme leque de personagens secundários e mergulhamos na complexa trama traçada por Carey.

Quando atinge a maioridade, assolado pelas suas mais recentes experiências e acossado por uma enorme vontade de fugir de Terre d'Ange e de si mesmo, o jovem acaba por partir para Tiberium (Roma) afim de estudar numa das melhores universidades do mundo e tentar encontrar o seu lugar no mesmo. Mas aqui, numa terra estranha, longe daquilo que lhe é mais familiar o perigo também espreita e Imriel vai ter que descobrir em si coragem para enfrentar o mundo que o rodeia e, sobretudo, a si mesmo e aquilo que é.

Como já devem ter reparado, é em Tiberium que as coisas começam definitivamente a acontecer. Até aqui a narrativa é algo lenta e , apesar de estar marcada pelas intrigas da corte e pelos medos e experiências de Imriel, torna-se um pouco aborrecida. Na realidade, é apenas nas últimas 150 páginas que o ritmo se torna aquele a que Carey já nos vinha habituando. Ainda assim, quero crer que este facto se deve a uma escolha propositada da autora em servir-se deste como volume introdutório. Uma longa introdução, é verdade, mas uma que nos deixa completamente dentro do contexto e na qual reencontramos personagens que adorámos e nos são apresentados novos e carismáticos intervenientes. E apesar de a intensidade da narrativa só se verificar já numa recta final o leitor fica satisfeito com o que lê e com uma imensa vontade de continuar, de saber mais e poder descobrir o que vem depois porque, além do destino de Imriel, há imensas sombras sobre os destinos de imensos personagens secundários que, de tão bem construídos, nos arrebataram e conquistaram irremediavelmente. É este um dos poderes de Jacqueline Carey, levar o leitor a preocupar-se com todo e cada um dos seu personagens como se na realidade existissem de facto.

Resumindo, mais fraco que os volumes anteriores - algo que se deve, sem dúvida, à natureza do narrador e a facto de se tratar de um volume com um carácter mais introdutório - mas com um world building e uma construção de personagens magnifica. Pelo final deixado em aberto, deixa imensa curiosidade quanto ao próximo volume (ainda bem que já tenho para poder ler em breve!!) e promete um intensificar do ritmo e da intriga a par de algumas viagens e contactos com outras culturas que se podem revelar bem interessantes.

7,5/10

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Destinos Interrompidos

Título: Destinos Interrompidos
Série/Saga: Starters and Enders, #1
Autor: Lissa Price
Edição: Planeta
ISBN: 9789896573577
Nº de páginas: 352

"Callie tem dezasseis anos e vive com Tyler, o irmão mais novo, e Michael, um amigo, nos escombros da cidade de Los Angeles. Quando as Guerras dos Esporos rebentaram, matando todos aqueles que tinham mais de vinte anos e menos de sessenta, Callie perdeu os pais. Como muitos outros Iniciantes, teve de aprender a sobreviver, ocupando prédios desabitados, roubando água e alimentos, fugindo aos Inspectores e combatendo os Renegados. Para tirar Tyler das ruas e garantir ao irmão uma vida melhor, Callie só vê uma solução: oferecer a sua juventude à Destinos Primordiais, uma empresa misteriosa que aluga corpos adolescentes aos velhos Terminantes - seniores, com centenas de anos, que querem ser jovens outra vez. Tudo corre como previsto, até o neurochip que lhe colocaram na cabeça avariar. Callie acorda, de súbito, na vida da sua locatária, a viver numa luxuosa mansão, a guiar carros topo de gama e a sair com o neto de um senador. A vida quase parece um conto de fadas, até Callie descobrir que a sua locatária não quer apenas divertir-se e que, no mundo perverso da Destinos Primordiais, a sobrevivência é apenas o começo."

Não quero começar sem antes deixar bem claro que a leitura deste livro foi agradável e que pretendo ler o segundo volume - segundo a autora há um segundo volume e já está em fase de escrita. Ainda assim, há muitos pontos que, em minha opinião, não são muito positivos ou que precisavam de esclarecimento. 

Num futuro não muito distante há uma guerra - a Guerra dos Esporos - e (pelo menos nos Estados Unidos) há ataques com armas químicas. A estes ataques apenas sobrevivem os jovens até aos 16 anos (se não estou em erro) e os idosos. Ora bem, é já aqui que a coisa começa a azedar... A premissa do livro é boa, muito boa até. Uma guerra química que dizima grande parte da humanidade. Contudo, não nos é explicado que raio de guerra foi aquela, quais os factores que a ela conduziram, quem bombardeou quem. Pior ainda, é-nos dado a entender que o pai da protagonista é um cientista importante que pode descobrir a cura para a doença dos esporos mas isto não o salva, ao que parece ter a cura para salvar a humanidade não é motivo suficiente para vacinar uma equipa de cientistas (W.T.F!! Tão afinal quem é que merece a porcaria da vacina? Os velhotes todos e os putos que depois ficam todos orfãos?!? Tão e as criancinhas de colo com quem ficam? Mas isto é a vacina da gripe ou quê?!?). Os resultados deste programa  de vacinação são, portanto, desastrosos acabando por ficar a Terra entregue aos idosos e aos muitos e muito jovens órfãos (tão e no governo ninguém se lembrou disto? Ah, cabecinhas de ar condicionado....      Só eu é que acho esta cena muito estranha e "sem pés nem cabeça"?! OMG para onde caminha este mundo?!?).

A grande maioria dos sobreviventes são, então, orfãos que não têm quem os proteja e se vêm abusados e escravizados pelos Terminantes (que é o nome que se dá aos idosos já entrados nos 100) que têm uma boa e prolongadissima vida. Enquanto os Iniciantes (os miúdos) fogem e se escondem como podem, os Terminantes seguem com as suas vidas normais gozando do fausto e da riqueza que foram adquirindo ao longo dos anos. Viver tantos anos trás as suas maleitas e os seus aborrecimentos e com o dinheiro que possuem os Terminantes procuram novas formas de distracção e de alcançar o prazer. Ora, o lugar ideal para o fazerem é na Destinos Primordiais (raio de nome!!) onde se pode alugar o corpo de um jovem e viver durante uns tempos como bem nos apetecer (um pouco como aquele novo filme que anda agora ai na moda, o RPG ou lá o que é). É aqui que entra a Callie. Sozinha há dois anos (sim, a guerra só foi há dois anos e os cromos dos cotas já nem se preocupam com nada, é só farra e diversão e compras em lojas caras e fingir que não aconteceu nada) com um irmão doente a rapariga tem que fazer alguma coisa. Acaba por deixá-lo aos cuidados de um amigo e vender-se à Destinos Primordiais. E a acção começa...

Acontece que o raio da acção, os personagens e todo o mundo estão criados em função do personagem de Callie. Na verdade, tenho as minhas dúvidas que a história, com os seus personagens fracos e estereotipados e com todo o world builder por explicar, se aguentasse sem a personagem principal. E esta personagem nem é excepcionalmente boa. É verdade que vai evoluindo ligeiramente ao longo da narrativa e que não é nenhum bebé chorão mas ainda assim construir uma narrativa toda à volta dela e daquilo que ela faz ou quer...!!! Nem sequer há grande desenvolvimento de histórias paralelas (bem, não há histórias paralelas para ser mais precisa) que possam sustentar a narrativa e o seu universo sem a Callie. E depois há o triângulo (mais a dar para o quadrado) amoroso muito fraquinho e sensaborão (e por falar nisso, para onde raios foi o último vértice sem dizer nada a ninguém? Grande maneira de despachar um personagem...). Até eu que não sou nada dada a estas coisas dos amores achei a situação má e mal explicada. Nem vou adiantar mais porque a cena é tão previsível que logo às 20 páginas do livro o leitor percebe só que, ao contrário do esperado, as coisas não aquecem muito mais que aquilo!!!

Concluindo, tirando esta mistela mal explicada e uma belíssima ideia de fundo o que dá ao leitor vontade de continuar a ler o livro é a fluidez e clareza da escrita de Lissa Price, aliada às descrições que achei muito vividas. Já ao nível da narrativa temos o mistério despertado pela locatária de Callie e por um personagem do qual não posso falar sem "spoilar" muito e, claro está, o twist final. Esta foi a única parte do livro de que gostei verdadeiramente pelo simples facto de me ter conseguido surpreender, o final. Penso que foi por causa dele que decidi que daria outra oportunidade à autora.

Embora a mim não me tenha agradado sobremaneira (há por ai distopias muito melhores mas também as há piores...!!) reconheço que para o público alvo, para a malta mais adolescente e que começa a mergulhar agora nos mundos distópicos, pode sem grandes dificuldades ser um grande livro. Quem quer algo mais de um livro, algo menos previsível e melhor explicado... deve procurar noutro lado, pese embora a leitura tenha sido agradável.
5/10

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Top Ten Tuesday - Top Ten Books That You Wish Were Taught In Schools

Ora, esta semana o Top Ten é sobre livros que gostávamos que fossem lidos nas escolas. Não tenho nada contra os livros que lemos, ou temos que ler (ou devíamos ler) na escola só que... bem, às vezes são uma valente seca e, sobretudo, no ensino básico não cativam os miúdos para a leitura. No que a mim me diz respeito, esses livros nunca contribuíram em nada para aumentar ou até fazer nascer o meu gosto pela leitura. Nem os que tínhamos que ler no básico, nem os que fui obrigada a ler no secundário. Abro excepção apenas para Os Maias que li muito antes da altura em que os meus colegas o fizeram. 
Por outro lado, há algumas disciplinas que não têm leituras sugeridas e deviam ter, há por ai muito bons livros sobre as mais variadas temáticas. Assim sendo, vamos lá ver se consigo fazer uma lista minimamente decente... Já sei que não posso agradar a todos mas...


Apesar de os mais novos o poderem ver apenas pelo lado da história de amor entre os dois protagonistas, O Pacto de Gemma Malley podia muito bem ser sugerido pelos professores de filosofia. Introduz questões filosóficas interessantes, como o prolongar da vida, a supremacia de alguns seres humanos através do uso da força, a morte... Podia pôr a malta mais nova a pensar. 








Jay Asher conquistou-me com este Por Treze Razões e, penso, poderia conquistar muitos jovens. Além de poder, perfeitamente, sugerido pelos professores de psicologia, podia sê-lo por qualquer outro professor. É um livro que tanto os alunos do básico como os do secundário deviam ler pela temática que aborda. Fala de bulling (credo!! porque é que tenho a sensação que isto não se escreve assim???), das consequências que as nossas brincadeiras parvas podem ter na vida dos outros, das escolhas extremas que alguns jovens fazem... Ia "abrir umas pestanas" por ai!!





Quando os jovens passam cada vez mais tempo em frente do computador, "socializam" através das redes sociais em vez de fazerem como na minha altura (jasus!! pareço uma cota a falar assim!! Na verdade, não foi assim há tanto tempo mas... ainda não tinhamos todos telemóvel) que íamos para o campo de jogos, para o jardim, para o café, eu sei lá para onde... Bem, fazia-lhes alguma falta lerem este Antes do Futuro do Jay Asher e da Carolyn Mackler para começarem a perceber que as coisas boas da vida, que a VIDA, está bem longe do ecrã do computador.





Já disse aqui mais de uma vez que tive que estudar a fundo os grandes conflitos mundiais e que nunca os compreendi tão bem como quando comecei a ler a trilogia O Século de Ken Follett. Pois é, tendo em conta aquilo que os livros de história hoje comportam sobre estes conflitos bem que estes livrinhos (loool) podiam ser recomendados pelos professores de História. Podia ser que os meninos começassem a perceber um pouco mais da matéria e daquilo que realmente se passou. Sim, porque, desculpem lá o desabafo, mas pelos livros de História de hoje eles não aprendem nada nem compreendem o flagelo que foram as duas grandes guerras - pela vontade dos senhores que fazem os livros o Holocausto era esquecido (no livro do meu irmão dedicam-lhe duas páginas!!!).








Não sei como foi convosco mas aqui para estas bandas a malta começa a ter aulas de espanhol bastante cedo (cada vez mais cedo, atrevo-me a dizer) e não é que precisemos muito de "aprender a falar" porque levamos com a televisão e a rádio espanholas todos os dias a toda a hora mas... precisamos definitivamente de "aprender a escrever". Falar é uma coisa, ler e escrever são outra de maneira que 
tinha sido muito bom ter tido um professor que me recomendasse algum escritor espanhol que não fosse daqueles clássicos que não me diziam rigorosamente nada. A maioria dos professores e professoras que tive recomendavam-nos umas obras tão maçudas que metiam medo só de olharmos para elas. Teria sido bom naquela época ler qualquer coisa como Laura Gallego ou Maite Carranza, por exemplo. Claro que teríamos que ler as edições originais mas não me parece que isso fosse um problema, pelo menos aqui.





Ler na língua que estamos a tentar aprender é, sem dúvida (para quem tem alguma paciência), uma das melhores maneiras para atingir o fim que pretendemos. Em francês, para os que estão a começar, não há nada melhor que o Petit Nicolas. É uma espécie de menino Tonecas em versão "Champs Elysées" que nos leva por uma data de aventuras hilariantes tanto na sala de aula como no recreio. Agora que penso bem nisso, acho que foi uma professora de técnicas de tradução no secundário que mo recomendou. Adorei e tenho-o recomendado a muitos alunos de francês. 



Ora, como é que eu vou explicar esta escolha?!
Vejamos as coisas assim, andam sempre a impingir-nos coisas, umas melhores que outras, com retratos da época, criticas sociais etc. Contudo, poucas vezes essas críticas e retratos continuam tão actuais como em As Farpas e tampouco nos fazem pensar e ganhar alguma consciência social e política como esta obra. Penso que seria uma óptima opção de leitura para os alunos do secundário e tanto podia ser útil para a disciplina de português como para filosofia, sociologia ou história.




Bem, não cheguei aos dez (para não variar muito. Se isto muda vocês estranham...!! :) ) mas penso que a selecção não é má de todo. Claro que, muito provavelmente, me devo ter esquecido de dois ou três títulos ou há alguns que na vossa opinião aqui deviam figurar. Pois então digam-me, que livros gostavam que se estudassem nas escolas?

domingo, 1 de setembro de 2013

Aquisições de Agosto

Sendo Agosto o mês em que, sabia de antemão, que ia mesmo estar de férias nunca pensei que fosse um mês de aquisições. A verdade é que contava gastar o meu dinheirinho noutras coisas que não livros. Foi o que fiz mas... Afinal, houve aquisições. :)




O único livro que comprei foi A Chama de Sevenwaters. Eu sei... Eu sei que ando sempre a dizer que a escrita da autora já não é o que era, que devia era deixar Sevenwaters como está e não correr o risco de estragar mais, quedevia escrever como quer e não como lho encomendam... Eu sei isso tudo. Mas, fazer o quê? Quando vejo o nome da senhora na capa de um livro simplesmente não resisto.





A minha mãe acabou por me comprar o Inferno do Dan Brown por eu andar a chatear com a vontade de voltar outra vez a Florença (é o que dão os desafios daquelas amigas que são como diabinhos tentadores a sussurrar-nos aos ouvidos.. Não é Magda?!?!)



Por fim, a minha maravilhosa "tante cherie" chegou de Paris e trazia na mala estas três coisas boas. És a maior!! :)



Ondine com ilustrações de Benjamin Lacombe. Lindoooo!!!



Les Aventurièrs de la Mer - vol.1 a adaptação dos navios da Robin Wobb à B.D



Imriel - penso que não precisa de apresentações. Não sei se será fácil lê-lo em francês, até porque é um verdadeiro monstro, mas vou tentar.