segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sebastian

Título: Sebastian
Autor: Anne Bishop
Editora: Saída de Emergência
Tradução: Cristina Correia
Nº de páginas: 380

"Bem-vindos a Efémera, onde a terra se altera em resposta aos mais profundos desejos e medos dos seus habitantes. Há muito tempo, Efémera foi dividida em inúmeras paisagens mágicas ligadas somente por pontes. Pontes que podem levar quem as atravessa para onde realmente pertence e não ao local onde pretende chegar. Numa dessas paisagens habitada por demónios e onde a noite impera, o meio-íncubo Sebastian delicia-se em prazeres obscuros. Contudo, aguarda-o um destino devastador. Uma aprendiza descuidada libertou um mal antigo que agora se agita - e o reino de Sebastian poderá ser o primeiro a sucumbir... Mas em sonhos, ela chama por ele: uma mulher que não deseja mais do que ser amada e sentir-se protegida - uma mulher pela qual ele anseia mas que sabe poder vir a destruí-la. Ela é Lynnea, e o seu improvável romance está no centro da batalha que se trava entre a luz e as trevas."
Depois de me terem falado imenso desta autora e de me terem deixado com vontade de me aventurar nos seus mundos não resisti a comprar este volume na Feira do Livro de Lisboa (já lá vai um tempo mas uma pessoa não pode fazer tudo de uma vez...). Não sabia muito bem o que esperar dos mundos criados por Anne Bishop e talvez por isso tenha tido uma grande surpresa com Efémera - um mundo completamente estranho e diferente mas criado de uma forma tão simples e descrito de um modo tão compreensível que ganha uma áurea de realismo surpreendente.
A história em si cativou-me bastante e a lição que está por trás desta narrativa é algo em que todos devíamos pensar - todos temos o nosso lugar no mundo e antes de condenar alguém devíamos tentar compreender as suas motivações e não nos deixarmos levar à partida por preconceitos ou por ideias alheias. Curiosamente, todos os personagens sem excepção sofrem de algum modo com o preconceito porque a sua essência ou as suas acções foram mal interpretadas e julgadas. Mas há sempre um lugar que corresponde ao que nos vai no coração, há sempre um lugar à medida de cada um, por isso as paisagens com que nos deparamos podem ser o completo antagonismo umas das outras não deixando, no entanto, de nos encantar com a forma como se adequam perfeitamente à natureza daqueles que as habitam.
Do leque de habitantes de Efémera que nos é dado a conhecer neste volume, os que mais me cativaram foram Glorianna Belladonna e o Provocador que me conseguiu roubar bastantes gargalhadas nas alturas mais inesperadas. Surpreendeu-me a malvadez sem fim do Devorador do Mundo e das suas criaturas, principalmente os Adoradores de Ossos, não esperava um vilão tão sem escrúpulos e cujo sentimento de vingança o impede de qualquer sentimento que se assemelhe (ainda que remotamente) ao remorso. Fiquei curiosa relativamente a alguns personagens que apenas conhecemos de forma superficial e a algumas situações que pertencem ao passado dos mesmos. Espero que estes pormenores nos sejam revelados no próximo volume...
7/10

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O Historiador

Título: O Historiador
Autor: Elizabeth Kostova
Editora: Gótica
Tradução: M.L. N. Silveira
Nº de páginas: 598
A trama deste livro começa numa noite em que uma jovem mulher encontra na biblioteca do seu pai um misterioso e antigo livro e um conjunto de cartas amarelecidas pelo tempo cujo início é sempre igual e perturbador - "meu caro e desventurado sucessor". Esta estranha descoberta leva a jovem numa busca pela verdade do destino de seu pai e por uma verdade que fez muitos dos mais importantes historiadores perdem o prestígio e afundarem as carreiras, que levou muitos a perder não só a sanidade mental mas também a vida... Será possível que Vlad, o Drácula da lenda, tenha realmente existido e continuado vivo século após século , perseguindo os seus obscuros projectos? è então com esta premissa que tem início toda a aventura ao melhor estilo de Indiana Jones, um misto de História com acção e aventura que nos levará de viagem pela Europa e pelos séculos que a marcaram.
Este, na minha opinião, é mesmo um dos pontos mais significativos e que mais gozo me deram neste livro - as descrições das cidades, dos lugares e dos costumes das gentes; os momentos de ficção que se cruzam com a História Medieval do território que hoje é a Roménia, a História do império Otomano e ainda factos mais contemporâneos dos acontecimentos na Europa de Leste. As descrições fazem-nos visualizar os locais de um modo muito vivido sejam eles cidades, criptas ou bibliotecas e os conhecimentos de História e acerca de Vlad Tepes III - príncipe da Valáquia e, sem sombra de dúvidas, um dos maiores tiranos do mundo medieval - que a autora nos consegue transmitir revelam os longos anos de estudo a que esta se dedicou par poder produzir esta obra.
O único ponto negativo nesta leitura prende-se com a edição em si e não tanto com a obra. Sendo a escrita simples e empolgante, o que poderia ser uma leitura fácil e relativamente rápida tornou-se em algo muito complicado em alguns momentos. As letras do livro são pequenas e o espaçamento entre as linhas é igualmente escasso (o que percebo, caso contrário o livro seria ainda maior), factos que muitas vezes me dificultaram a leitura. Ainda assim, valeu muito a pena pois gostei deste que não é apenas um romance histórico nem apenas uma simples história de vampiros.
Recomendo a quem gosta de História (principalmente do período medieval).
8/10

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Prendinha!!!!!

Depois de alguns dias fora, ontem cheguei a casa e tinha uma surpresa à minha espera...
A Cristina, que apenas conheço virtualmente devido a estas andanças pela blogoesfera, sabendo que fiz anos há pouco tempo, mandou-me uma prendinha. "Ardina e Temedo e outras Lendas de Lamego", o livro com que me presenteou, é uma pequena grande obra da autoria de Fernando Branco Marado que, juntamente com os alunos do segundo e terceiro ciclos do Colégio da Imaculada Conceição de Lamego (onde a Cristina é Directora Pedagógica), se lançou na reescrita de algumas lendas da região. O resultado é espectacular não só pelas lendas aqui recriadas mas também pelo envolvimento dos jovens num trabalho deste tipo. As belas ilustrações desta obra ficaram a cargo de Jorge Vieira.
Para além da alegria de receber uma prenda, este gesto contribuiu para me fazer ver que é possível criar laços com uma pessoa embora não a conheçamos bem, baseando-nos apenas na sinceridade dos nossos contactos e nos prazeres comuns que partilhamos. Muito obrigado minha querida, adorei...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Reanimar o Saber - Campanha de recolha de livros

Hoje chegou à nossa caixa de e-mail um pedido de colaboração na campanha Reanimar o Saber da Associação Helpo.
A Helpo é uma ONGD portuguesa que desenvolve projectos de assistência e apoio ao desenvolvimento em Portugal, Moçambique e São Tomé e Principe. No seu plano de projectos até 2010 prevê a construção de mais duas bibliotecas no Norte de Moçambique contudo, impõe-se a recolha do recheio para as mesmas. E é aqui que todos entramos... As prateleiras estarão especialmente ávidas de:
    • Dicionários
    • Enciclopédias
    • Atlas
    • Mapas
    • Romances
    • Livros Infantis
    • Livros Juvenis
    • Livros de Banda Desenhada
    • Livros de Física
    • Livros de Filosofia
    • Livros de Psicologia
    • História Universal
    • Direito Internacional
    • Livros de Linguas

Os livros podem ser entregues até ao final do mês de Outubro de 2009 entre as 9:00h e as 13:00h ou as 14:00h e as 18:00h de segunda a sexta na Rua Manuel Joaquim Gama Machado, nº4 2750-422 Cascais. Para esclarecimentos ou dúvidas podem contactar atrtavés do telefone 21 4844075 ou pelo e-mail info@helpo.pt.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Fado da Sombra

Título: O Fado da Sombra
Autor: Filipe Faria
Editora: Ed. Presença
Nº de páginas: 530
"Os deuses estão mortos, e a sua queda deixa Allaryia à beira de uma espiral de desordem e destruição. As sementes dos planos d´O Flagelo germinam em segredo, e Aewyre Thoryn e os seus companheiros são os únicos que estão cientes da insidiosa ameaça, bem como os únicos em condições de a combater. Dá-se então início a uma desesperada corrida contra o tempo, enquanto servos renegados de Seltor conspiram para levarem a cabo a queda de Ul-Thoryn. Uma ameaça de tempos imemoriais acerca-se entretanto da Pérola do Sul, ameaçando cortar pela raiz a resistência contra O Flagelo. Este é ponto de viragem da Oitava Era, após o qual nada será como dantes em Allaryia."
Quando visitei a Feira do Livro de Lisboa e vi à venda o mais recente título das Crónicas de Allaryia não consegui resistir, tinha que aproveitar a oportunidade... Para os que não conhecem as Crónicas de Allaryia são constituídas, até ao momento, por seis volumes da autoria do jovem Filipe Faria. Relatam-nos as aventuras de Aewyre Thoryn que percorre Allaryia numa tentativa de conhecer o destino final do seu pai e que, embora não o querendo, se vê envolvido numa luta sem idade contra as forças obscuras d'O Flagelo e numa não menos antiga luta pela Essência da Lâmina. Quando comecei a ler estas Crónicas, já lá vão uns aninhos (poucos) fiquei agradavelmente surpreendida pela escrita simples do autor, pelo humor que incute em alguns personagens e sobretudo pelo universo criado por este jovem - Allaryia é um território formado por vários países e zonas às quais não podemos dar uma designação certa no qual encontramos seres de inúmeras raças criadas pelo autor, todas elas com características físicas e comportamentais distintas e com línguas próprias. Enfim, um jovem português criou, um pouco à semelhança de Tolkien, todo um universo, línguas e raças, fronteiras, disputas e uma demanda. Fiquei presa a Allaryia...
Contudo, após a leitura das primeiras páginas logo percebi que a leitura deste volume não ia ser tão prazerosa como a dos volumes anteriores, ainda assim insisti e posso dizer que não tenho memória da última vez que um livro me custou tanto a ler. Ao longo da saga torna-se visível a evolução do autor e da sua escrita que se vai tornando cada vez mais complexa mas neste volume essa evolução não é um ponto positivo uma vez que se traduz numa escrita pouco simples (rebuscada demais para um livro do género, arrisco-me a afirmar) e num vocabulário excessivamente complexo que por vezes me fez considerar a consulta de um dicionário (embora tenha conseguido passar sem ela). Denota-se a escolha propositada de palavras pouco usuais, muitas vezes até desconhecidas da maior parte do público e uma preocupação cada vez maior com a descrição de algumas situações em que tal me parece desnecessário (gastar 16 páginas na descrição de um duelo entre dois personagens não me caiu muito bem...). Por outro lado, e em relação à trama tive a sensação de que o autor andou um pouco a "encher chouriços" uma vez que só mesmo no final vemos alguma acção mais inesperada e alguma evolução, embora ténue, no verdadeiro desenrolar da história. Ou seja, grande parte do livro é preenchido com descrições que de tão longas e pormenorizadas se tornam aborrecidas, por um vocabulário que chega a irritar o leitor (de tão rebuscado) e a história em si fica praticamente parada.
Embora no final me tivesse conseguido captar a atenção, recomendo este livro apenas a quem já conhece a saga e não quer deixar de conhecer todos os passos dos diferentes personagens e o desfecho da história (que espero venha a acontecer no próximo volume).
4/10

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Rei do Mercado

Título: O Rei do Mercado
Autor: Juliette Benzoni
Editora: Bertrand
Tradução: Carlos Correia Monteiro de Oliveira
Nº de páginas: 301
Depois de ter lido O Quarto da Rainha não consegui resistir e lancei-me ao segundo volume da triologia Segredo de Estado, embora não com grandes esperanças principalmente por causa da tradução. Embora esta tenha ficado a cargo do mesmo tradutor posso dizer que, talvez um pouco incompreensivelmente (ou não), desta feita o trabalho está visivelmente melhor - os nomes de personagens e locais, por exemplo, foram mantidos no francês original e a nível dos tempos verbais já não encontramos tantas falhas. As expressões idiomáticas continuam a ser um problema ainda que no geral o trabalho tenha melhorado a olhos vistos.
No que respeita à trama desta história, continuamos a desvendar aos poucos a misteriosa vida de Sylvie que foge dos assassínos da sua família com a ajuda do seu grande amor François de Bourbon-Vêndome e da sua grande amiga Marie de Hauteford. É principalmente graças a este personagem masculino e à sua familia que nos são apresentados vários episódios interessantes e por nós quase desconhecidos da História de França e da vida na corte de Luis XIII, Ana de Áustria e do temível cardeal Richelieu.
A intriga e o mistério continuam a ser elementos essenciais e muito presentes nesta trama contribuindo para que queiramos virar as páginas e deixar-nos envolver por uma Paris em crise em que a revolta social ganha cada vez mais adeptos. Para quem conhece a cidade das luzes as descrições, embora não muito ricas, tornam-se muito importantes pois conseguem transportar-nos aos grandes boulevard e avenidas, aos parque e edifícios magistrais da capital francesa fazendo-nos sentir toda a sua vida e energia .
Embora curiosa com o desfecho desta história este volume não conseguiu, no final, deixar-me com "aquela" vontade de me dedicar de imediato ao livro que se segue. Descobrirei então o destino de Sylvie numa ocasião mais propícia.
6/10