Autor: Alan Bradley
Tradução: Maria José Figueiredo
Edição: Planeta Manuscrito
Nº de páginas: 319
"Flavia irá confrontar-se com duas mortes misteriosas, separadas pelo tempo, mas relacionadas. Para agravar a situação ainda tem que lidar com a sua vida familiar agitada, complicada pela difícil convivência com as irmãs.
O fim da Segunda Guerra vai encontrar Dieter, o deslumbrante prisioneiro de guerra alemão, a trabalhar na quinta de Culverhouse que é propriedade do casal Ingleby e fica situada perto da bucólica Bishop's Lacey. Certa tarde, o filho dos Ingleby desaparece e Dieter irá descobri-lo enforcado num antigo patíbulo, na clareira do Bosque de Gibbet, onde a Meg Louca passa os seus dias.
Cinco anos mais tarde chega a Bishop's Lacey um casal de artistas - ele é um bonecreiro de génio, estrela do público infantil da BBC, ela a sua fiel ajudante. A indómita Flavia De Luce, 11 anos de enorme talento, é encarregada de os ajudar a instalarem-se na terra. Mas o ambiente adensa-se na aldeia quando um dos espectáculos de marionetas, apresentado pelo famoso bonecreiro, termina de forma trágica. E Flavia De Luce terá, uma vez mais, de dar provas das enormes capacidades dedutivas na descoberta do que liga o passado ao presente." A inusitada e precoce detective Flavia De Luce está de volta com a sua enorme paixão pela química, as suas extraordinárias capacidades dedutivas e a sua mórbida atracção pela morte. Depois de ter resolvido o crime ocorrido no talhão dos pepinos esta jovenzinha não consegue ficar longe de um bom mistério e, apesar de viver numa pequena aldeia no interior de Inglaterra, os acontecimentos parecem ir sempre ao seu encontro.
Quando um famoso bonecreiro da BBC chega, aparentemente por acaso, à aldeia aquilo que todos pensavam ser um inocente espectáculo de marionetas revela-se o catalisador que conduz todos os habitantes a uma espiral de recordações dolorosas, acabando por trazer à boca de cena um macabro homícidio. Contudo, os contornos do crime são obscuros e só alguém dotado de uma terrível perspicácia e com acesso privilegiado a todas as fontes pode desvendar este mistério.
Enquanto o passado e o presente se encontram e o mistério em torno de Culverhouse e dos seus habitantes se adensa somos brindados, como já vai sendo hábito, com o irónico e negro humor desta jovem personagem, constantemente em guerra com as irmãs mais velhas e rodeada pelos seus venenos e produtos químicos (desta vez quase consegue envenenar toda a família...). Os personagens presentes marcam não apenas pelo modo como o autor os constrói e desenvolve, pelos estereótipos que retratam, mas também pelo papel que desempenham no subtil retrato feito da Inglaterra rural no pós-guerra, marcada por um sistema social complexo e por feridas de guerra ainda mal cicatrizadas. Neste ponto há a destacar a estória paralela de Dieter e do modo como este foi feito prisioneiro de guerra.
À semelhança com o volume anterior as descrições conseguem ser muito ricas e detalhadas sem que por isso se tornem maçadoras, tendo o autor conseguido um alinhamento perfeito destas com uma escrita simples e fluída, pejada de humor e referências aos mais variados temas como literatura, história inglesa e, invariavelmente, química e venenos.
O final acaba por ser surpreendente. Parece-me ser esta uma das marcas mais distintivas deste autor, as pistas estão quase todas lá, os enganos são imensos e confundem tanto quanto esclarecem, o leitor vai pensando, testando teorias mas o final consegue ser sempre uma surpresa.
8,5/10
1 comentário:
O volume anterior chamou-me imenso a atenção, assim como este. Pelo que li, têm todo o material necessário para que eu os adore. Espero mesmo conseguir lê-los este verão :)
Enviar um comentário