sábado, 21 de janeiro de 2012

A Vidente de Sevenwaters

Título: A Vidente de Sevenwaters
Autor: Juliet Marillier
Tradução: Catarina F. Almeida
Edição: Planeta
Nº de páginas: 413

"Sibeal sempre soube que estava destinada a uma vida espiritual e entregou-se de corpo e alma à sua vocação. Antes de cumprir os últimos votos para se tornar uma druidesa, Ciarán, o seu mestre, envia-a numa viagem de recreio à ilha de Inis Eala, para passar o Verão com as irmãs, Muirrin e Clodagh.
Sibeal ainda mal chegou a Inis Eala, quando uma insólita tempestade rebenta no mar, afundando um barco nórdico mesmo diante dos seus olhos. Apesar dos esforços, apenas dois sobreviventes são recolhidos da água. O dom da Visão conduz Sibeal ao terceiro náufrago, um homem a quem dá o nome de Ardal e cuja vida se sustém por um fio. Enquanto Ardal trava a sua dura batalha com a morte, um laço capaz de desafiar todas as convenções forma-se entre Sibeal e o jovem desconhecido.
A comunidade da ilha suspeita que algo de errado se passa com os três náufragos. A bela Svala é muda e perturbada. O vigoroso guerreiro Knut parece ter vergonha da sua enlutada mulher.
E Ardal tem um segredo de que não consegue lembrar-se - ou prefere não contar. Quando a incrível verdade vem à superfície, Sibeal vê-se envolvida numa perigosa demanda.
O desafio será uma viagem às profundezas do saber druídico, mas, também, aos abismos insondáveis do crescimento e da paixão. No fim, Sibeal terá de escolher - e essa escolha mudará a sua vida para sempre."

Penso que para qualquer fã de Juliet Marillier a trilogia original de Sevenwaters foi o ponto alto da escrita da autora. Havia algo naquelas narrativas que nos tocava, que nos deixava acordados até altas horas na expectativa… Apesar de os livros da autora se continuarem a basear nas lendas nórdicas e celtas, penso que o nível das mesmas decaiu e não estou certa de que esta segunda trilogia de Sevenwaters (imposta à autora pelos seus editores) tenha sido uma boa aposta no que respeita à autora, à sua criatividade e até ao que respeita em manter os fãs contentes e ansiosos pela saída de um novo título. Sevenwaters eram a Sorcha e os seus irmãos, a floresta e os seres mágicos que a habitam e, por muita curiosidade que tivesse em seguir os descendentes dos personagens originais não me parece que o resultado conseguido tenha sido o melhor ou mesmo o esperado pelos leitores quando foi anunciado o regresso àquelas paragens.
Não quero com isto dizer que não gostei do livro. Apenas não posso dizer que gostei muito, não me encheu as medidas como era hábito acontecer com esta autora.

Ainda que a narrativa seja feita a duas vozes, a estória centra-se em Sibeal, jovem filha de Sean de Sevenwaters, que cedo descobre a sua vocação e se dedica aos estudos para poder ser druidesa. Antes de proferir os seus votos, Ciarán, o seu mentor, envia-a para Inis Eala deixando-a sem compreender bem a necessidade de ir passar o verão com as irmãs. Como não podia deixar de ser, há um rapaz que desperta em Sibeal sentimentos que ela pensava não lhe estarem reservados e a fazem duvidar de tudo. E aqui devo acrescentar que a visão redutora e até algo machista de que uma mulher para se sentir completa tem que ser esposa e mãe me desagradou sobremaneira. Sei que a narrativa se passa numa época medieval e etc mas o martelar constante nesta ideia era completamente escusado, a não ser que haja por parte de alguém uma tentativa de convencer do mesmo as supostas ”jovenzinhas inocentes” que irão ler o livro. O que, obviamente, também seria de condenar, a meu ver.

O leitor habitual já sabe o que o espera e não se chateia com o romance nem tão pouco com o facto de o final ser completamente previsível, o que desagrada é o facto de a estória de amor não ter a magia esperada, ser desenxabida e rematada de forma algo abrupta (coisa que já tinha acontecido num anterior título da autora). Para além de não haver quase nada mais além da dita relação amorosa e das dúvidas que assaltam a personagem principal. A trama secundária até poderia ser muito mais interessante se fosse mais desenvolvida e o livro só tinha a ganhar com isso mas… não foi o que aconteceu. Até mais de metade do livro não acontece nada, ou tudo acontece muito devagar, e na recta final acontece tudo depressa demais e sem grande espalhafato. Isto é, no final da narrativa os personagens partem numa demanda perigosíssima (apesar de algo mal fundamentada) e, supostamente, cheia de obstáculos, depois da qual terão que enfrentar uma também perigosa viagem de retorno a casa. No entanto, o que nos é rapidamente relatado não é nada disso e deixa um “amargo de boca” que só visto.

Conclusão, deixou muito a desejar e caso venha a ler o terceiro volume será apenas para fechar um ciclo e não pelo prazer que a escrita desta autora já foi, um dia, capaz de me proporcionar.

2 comentários:

Morrighan disse...

Alice, compreendo perfeitamente a tua opinião, apesar de ainda não ter lido este livro de Sevenwaters. Tenho-o, mas acho que é mais para ter a saga completa do que pela qualidade que a leitura possa ter.
Vamos ver... Devo lê-lo ainda este semestre.

Beijinhos

Vitor Frazão disse...

"Penso que para qualquer fã de Juliet Marillier a trilogia original de Sevenwaters foi o ponto alto da escrita da autora." Não sei se isso é bem assim... Em certos aspecto, nomeadamente criação de personagens, acho que ela evoluiu com "Crónicas de Bridei" e no segundo volume de "A Saga das Ilhas Brilhantes".

Verdade, a segunda trilogia de "Sevenwaters" não será tão boa como a primeira, mas sendo Marillier continua a ser melhor que a média dos escritores.

Pessoalmente, preferi ignorar o casal, centrando-me no dramas vividos por Gull, na sua busca por retomar algo que perdera no tempo do "Homem Pintado" e, desde o início da narrativa, fiquei curioso para saber como é que aescritora iria utilizar os selkies.