quinta-feira, 25 de julho de 2013

Senhor Monstro

Título: Senhor Monstro
Série/Saga: John Cleaver (John Cleaver, #2)
Autor: Dan Wells
Edição: Contraponto
Nº de páginas: 264
ISBN: 9789896661229

Em Não Sou Um Serial Killer, ficámos a conhecer John Wayne Cleaver, um rapaz bem-comportado, tímido, reservado (e obcecado com a morte, mais especificamente com homicídios), que salvou a sua cidade de um assassino ainda mais aterrador que os serial killers que estuda obsessivamente. 
No entanto, como rapidamente descobre, até os demónios têm amigos, e o desaparecimento daquele que John matou atraiu outro monstro ao condado de Clayton. As suas vítimas vão aparecendo na casa mortuária onde John trabalha, e ele tenta resolver o mistério, uma vez mais. Desta vez, contudo, há uma diferença: John já provou o sabor da morte, e a parte mais escura da sua personalidade pode descontrolar-se, com consequências imprevisíveis mas muito perigosas. 
Ninguém em Clayton estará seguro se John não conseguir derrotar estes dois adversários tremendos: o demónio desconhecido que tem de caçar, e o seu próprio demónio interior - a criatura sedenta de sangue a que ele chama «Senhor Monstro»…


Depois de ultrapassados o choque e a estranheza pela introdução de uma realidade sobrenatural na narrativa, (podem ver a minha opinião do primeiro volume aqui) que a meu ver não funciona muito bem, a leitura deste segundo volume já se faz de forma mais rápida e fluída. Talvez para isso contribua o facto de o elemento sobrenatural estar lá mas apenas ser apresentado como tal já numa fase final em que há muito mais coisas a acontecer ao mesmo tempo. Este novo monstro é algo mais humano, não tem formas esquisitas nem assume as características físicas alheias o que o torna mais "fácil de engolir". Por outro lado, a situação criada tem muito mais realismo, brutalidade e não deixa o suspense cair, contribuindo para uma narrativa de ritmo frenético a partir do meio do livro. 

Nesta fase, John começa a perceber que os corpos que têm vindo a aparecer, curiosamente, em locais que ele frequenta ou onde ele está por algum motivo especial são um recado para si, um chamariz de alguém que o quer atrair. Claro que estando o monstro que antigamente aterrorizava Clayton definitivamente morto se coloca a questão da identidade deste novo assassino. Terá ligações ao assassino anterior? Conhecerá John e o Senhor Monstro? Ou simplesmente ouviu os boatos que consideram John um herói e quer desafiá-lo? O jogo psicológico criado entre o serial killer e o jovem adolescente é muito mais rebuscado e intenso pois ambos estão cientes da presença do outro quase desde o primeiro momento. Toda a envolvência deste "jogo de gato e rato" entre os dois personagens, contribui para a criação de um clima de suspeita e tensão que não deixa indiferente o leitor. Com o desenvolver da narrativa as acções do vilão tornam-se tão repugnantes e frias, tão desavergonhadas e arrojadas que o leitor não pode deixar de se perguntar como irá o jovem John salvar-se a si e aos que o rodeiam desta nova situação.

Relativamente à personalidade de John e à sua luta interior, que foi para mim um dos pontos mais interessantes do primeiro volume, não nos é adiantado muito. John viu-se obrigado a libertar o Senhor Monstro para fazer frente a uma ameaça maior mas não consegue voltar a acorrentá-lo pois já nem as suas rigorosas regras conseguem dominá-lo minimamente. Aqui a luta não é, como anteriormente, para o aprisionar. Trata-se de uma luta mais tensa e em certos aspectos mais desesperada para, simplesmente, não sucumbir aos mais obscuros desejos interiores. John trava uma luta consigo mesmo para proteger aqueles que ama e porque sabe que se não resistir vai, forçosamente, magoar todos os que o rodeiam. Ainda assim, o Senhor Monstro tem um maior domínio sobre o jovem e, no final, talvez a aceitação desta parte negra de si seja a única saída possível, o único caminho que o impede de enlouquecer. Sendo mais negro, neste aspecto, não é tão profundo como a auto-análise e o combate interno travado no volume anterior.

Concluindo, segue a mesma linha de Não sou um serial killer mas melhora em alguns aspectos. Apesar de o primeiro volume não ser o que esperava não consegui deixar de ler este e o mistério e suspense, aliados a um ritmo narrativo bastante acelerado, não decepcionam quem gostou do que já tinha lido.

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