terça-feira, 18 de maio de 2010

Cogito Ergo Sum

Título: Cogito Ergo Sum
Autor: David Eagleman
Tradução: Ana Mendes Lopes
Edição: Ed. Presença
Nº de páginas: 104

"Este é um livro para que não existe termo de comparação. À medida que vai lendo estes quarenta contos, tão breves como vinhetas, que ressumam humor e ironia na mesma medida da sua originalidade e desafiadora subtileza, torna-se claro que cada versão da vida depois da morte exclui todas as outras, e qualquer coisa de mais vasto emerge deste mosaico. Deus pode ser um micróbio, uma mulher, um casal, ou mesmo uma série de criadores que nos inventaram para propósitos experimentais. Por um lado nós, humanos, poderemos encontrar-nos num mundo em que apenas existem pessoas que conhecemos, ou então ter de conviver embaraçosamente com uma multiplicidade de "eus" que fomos sendo ao longo da vida, ou ainda personagens secundárias dos nossos próprios sonhos, ou recriadas a partir dos registos dos nossos cartões de crédito. Foi a maneira que o autor encontrou de nos dizer que todas as possibilidades estão em aberto, sendo inútil apegarmo-nos às versões consagradas pelos diferentes credos religiosos.David Eagleman é um neurocientista e defende que a prática científica exige precisamente uma atitude perante a criação que permite manter uma mente aberta a todas as possibilidades."
Cogito Ergo Sum - Penso logo existo. Porque pensamos, existimos e porque existimos pensamos na vida e naquilo que nos espera depois dela. Enquanto ser inteligente e pensante, todo e qualquer ser humano se debruçou já sobre o grande mistério da morte, o que existirá para lá dela, se é que existe alguma coisa. Pela sua inevitabilidade a morte é algo que nos aterroriza, simultâneamente, a curiosidade pelo desconhecido é algo que nos é inerente.
Com Cogito Ergo Sum David Eagleman leva-nos numa viagem ao outro lado da vida, ou àquilo que poderemos lá encontrar e jamais poderemos contar a ninguém. Afinal que é que alguma vez regressou para poder asseverar o que nos espera?
Quando nos lançamos na leitura destes 40 contos pensamos ser impossível empreender tal processo de animo leve, contudo a imaginação, a criatividade e o humor com que o autor nos presenteia levam-nos a pensar na nossa própria existência e naquilo que pode, ou não, estar para lá dela de um modo único.
Um aspecto interesante que denotei durante a leitura foi o facto de na linguagem simples e nas ideias deste autor existir muito mais que um homem só, quase consigo vê-lo e ouvi-lo a trocar ideias com outras pessoas, a escutar os medos e as fantasias de outrém acerca do tema, a debruçar-se sobre as possibilidades e crenças mais insólitas. São essas inumeras possiblidades que tornam os universos contidos nestas páginas algo quase mágico enquanto que a curiosidade e impossibilidade relativas ao saber o que está para lá do véu transformam a narrativa em algo insanamente (quase) possível.
Este é um livro único, estranhamente genial e genialmente estranho, consolador e angustiante, cómico e aterrador mas de modo algum entediante.
Para ler e reler. Ninguém sabe o que vem depois....
7/10

1 comentário:

Paula disse...

Depois de ler tantos comentários positivos sobre este livro, tenho mesmo de o ler :D
Abraço