quinta-feira, 7 de abril de 2011

O Homem Pintado

Título: O Homem Pintado

Autor: Peter V. Brett

Tradução: Renato Carreira

Edição: Gailivro

Nº de Páginas: 606


"Num mundo povoado por demónios que dominam a noite, forçando os seres humanos a esconderem-se atrás de guardas mágicas à espera que o sol nasça, o jovem Arlen assiste ao massacre da sua família por causa da cobardia do pai. A partir deste momento tudo muda e Arlen parte numa viagem de descoberta que o levará a percorrer o mundo e a conhecer Leesha e Rojer. Os três são a última esperança da humanidade na luta contra os demónios. Só que por vezes os demónios mais difíceis de vencer são os que trazemos dentro de nós.


Para aqueles que procuram o novo grande nome da fantasia a espera terminou. Ele é Peter V. Brett. Comparávvel a muitos mas diferente de todos, oferece-nos uma história brilhante que nos prende da primeira á última página. Dizer que é uma obra magistral é pouco para descrever a história épica da luta de Arlen, Leesha e Rojer para salvar a humanidade condenada a viver num medo permanente da noite e dos demónios que ela encerra."


Há muito que andava com vontade de ler este livro e posso dizer-vos que, apesar das expectativas serem bastante elevadas - sobretudo devido a óptimas opiniões que li noutros blogues - acabou por me satisfazer. Isto é, não o achei uma verdadeira maravilha, uma lufada de ar fresco no meio da literatura fantástica e etc, mas a verdade é que me agradou bastante. Suponho que os próximos volumes possam ser mais cativantes e que me possam agradar mais pois, sendo este o primeiro volume é algo mais introdutório. Ou seja, serve sobretudo para nos apresentar os personagens e para nos introduzir num mundo em que ter medo do escuro não é apenas algo irracional e sem sentido.


Penso até que esta opção do autor em fazer deste volume uma introdução à estória enquanto já vai contando a mesma pode ser algo de produtivo. Conhecemos todos os personagens principais desde tenra idade, compreendemo-los bem, conhecendo os seus medos e motivações, os seus demónios internos e os seus maiores desejos. Criamos uma empatia muito mais forte com os personagens dado que os vemos crescer e tornar-se naquilo que serão no final do livro. Por outro lado, esta abordagem serve também para um maior conhecimento da cena política e da geografia deste mundo, bem como dos personagens secundários e das relações destes com os três jovens. Ainda assim, achei que faltava ali qualquer coisa. Não percebemos muito bem a vida antes dos demónios, o que os fez voltar a despertar, se são seres verdadeiramente inteligentes, o que os move além da sede de sangue e carne fresca... Também desconhecemos (porque os próprios personagens o ignoram) a origem das guardas e da magia das mesmas. São alguns pormenores que achei que podiam ter sido melhor explorados e que contribuem para que a narrativa não satisfaça por completo.
As personagens no seu todo estão bem conseguidas e são consistentes com a excepção de Arlen. Há ali qualquer coisa que não acabou de me convencer. Consegui identificar-me mais com Leesha e Bruna (as minhas personagens preferidas), compreender melhor Rojer e o velho jogral que o criou, bem como as pessoas que vivem nas aldeias e quintas que ficamos a conhecer, do que Arlen. Achei que há algumas lacunas na construção da personalidade deste, visíveis à medida que vai crescendo em idade.
Os pontos positivos são sobretudo a novidade da estória, a fluidez de uma linguagem que não se perde em descrições longas e maçudas, muito embora sejam ricas de tal forma que conseguimos sentir à nossa volta o verde das florestas, os cheiros do campo e o calor do deserto. A sociedade Krasiana também despertou curiosidade e foi habilmente introduzida na narrativa, espero saber mais sobre este povo e os seus costumes num próximo volume.
Concluindo, gostei bastante embora não possa dizer que é uma obra-prima do fantástico; é inovador e prende o leitor mas espero que alguns assuntos se desenvolvam num próximo volume e que não fiquem no ar tantas questões relativas sobretudo aos demónios e à sua origem e natureza real.

4 comentários:

Unknown disse...

Olá Alice, sobre as complicações com o blogger, no caixa de texto onde escreveste no destante, tem lá a solução...
Basta ir às definições, ao separador básico e depois selecionar no fim da página e escolher "novo editor (aconselhado)" resolvi alguns dos problemas :)
Beijinhos

Alice disse...

Merci. Como se pode ver por este post as coisas não andam fáceis com o blogger. Temos tido brigas diárias... :)

Maria Lavrador disse...

Gostei deste livro e fiquei na expectativa do próximo (q já tenho na prateleira para ler...) e penso q as questões mal explicadas até podem ter sido propositadas para nos criar água na boca

Boas leituras

Vitor Frazão disse...

Gostei muito deste ambiente de high fantasy apocalíptica e da alternância entre personagens.

Não acho que existam lacunas na construção de Arlen, é simplesmente um indivíduo obcecado com a vingança e a liberdade.

Quanto às lacunas, aprende-se muito mais sobre os demónio no segundo volume. Se bem que sou da opinião que nem sempre é necessário explicar a origem das coisas (embora não seja o caso, por vezes essas explicações até prejudicam a narrativa).