terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O medo do homem sábio



Devo, para começar, dizer-vos que dou aqui a minha opinião dos dois volumes juntos porque são ambos a segunda parte desta trilogia que teve o seu início com O Nome do Vento. Não fazia, para mim, muito sentido separar as duas coisas uma vez que a estória é uma só.

Nesta segunda parte encontramos Kvothe na Universidade novamente, prosseguindo os seus estudos e as suas invenções na Pescaria, mantendo as suas amizades, inimizades e amores. Por conta destas relações pessoais tomamos  contacto com novos personagens que muito me agradaram. Falo sobretudo das figuras femininas que, apesar de muito diferentes umas das outras e com uma delicada aura feminina muito marcada, são todas misteriosas, de algum modo temíveis e temidas e capazes de tudo o que nos possa passar pela cabeça. Como boas mulheres, eles poucas vezes são capazes de lhes chegar aos calcanhares. Antes apenas tínhamos Denna e agora temos todo um leque de personagens femininos que, a meu ver, deixam a nossa anterior menina a bastantes passos de distância. Já sei que Denna tem todo aquele mistério acerca de que é e para onde vai quando desaparece, o seu patrono desconhecido e etc a rodeá-la mas gosto muito mais destas novas companheiras de Kvothe... principalmente as que encontra entre os mercenários Adem.... mas estou a adiantar-me.

No seguimento de uma das habituais confusões em que se vê amiúde envolvido, Kvothe deixa a Universidade por uns tempos e é aqui que a verdadeira aventura da vida deste jovem começa. Num périplo que seria impossível resumir aqui, ficamos a conhecer novas partes do território que integra o Império e até de territórios que não o integram. O jovem músico vai combater lado a lado com mercenários, perseguir malfeitores e enfrentar um dos maiores medos da humanidade. Quando tudo parece resolvido e todos se sentem prontos para voltar a casa Kvothe encontra Felurian, a fada, e segue-a para o seu mundo de onde vem algo transformado apenas para se deparar com a difícil decisão de seguir o seu caminho ou ajudar um amigo recente que inadvertidamente prejudicou. Assim, é julgado pelas Adem nas suas próprias terras e segundo os seus costumes... Enfim, as aventuras são mais que muitas e não foram poucas as vezes em que, nos interlúdios, dava por mim a querer voltar à estória do protagonista enquanto jovem.

Notas muito positivas para a linguagem simples e fluída e para o facto de o autor não ter atabalhoada o estória para o final como no volume anterior. Não houve pressas em acabar e ainda bem porque podia ter sido desastroso. Agradou-me muito conhecer novas terras e novos estilos d e vida, os novos personagens com toda a sua complexidade (ou falta dela) e os cenários tão bem descritos enriqueceram muito a narrativa. Gostei particularmente dos Adem e da sua cultura, agora percebo porque acham os demais selvagens.... são simples e complexos, a organização social é estranha e os valores pelos quais se regem são, no mínimo, confusos. Adorei as histórias contadas à volta da fogueira durante as viagens, o autor revela uma capacidade fantástica para criar mundos dentro de mundos, histórias dentro de estórias. Conquistou-me nesse ponto.

Nota negativa para os capítulos passados no mundo fae. Sem volta a dar. Sei que tirámos dali algumas informações que vão ser importantes depois mas... foi um verdadeiro suplício. Os capítulos nunca mais acabavam, foi um verdadeiro exemplo do que é a má arte de "encher chouriços" e quase pulei de alegria quando ultrapassei (ao fim de 5 dias) essa parte da narrativa.

Recomendo aos leitores de O Nome do Vento e a todos os que procurarem uma boa e longa estória.

7,5/10

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