terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Estrada Vermelha, Estrada de Sangue

Título: Estrada vermelha, Estrada de sangue
Autor: Moira Young
Colecção: Via Láctea
Edição: Ed. Presença
Nº de páginas: 336

"Estrada Vermelha, Estrada de Sangue é um thriller futurista, uma aventura épica que se passa num período pós-apocalíptico e extremamente violento. Saba, a protagonista, é uma jovem que viveu sempre em Silverlake, numa zona remota, inóspita e quase deserta, até ao dia em que uma tempestade de areia traz consigo um bando de terríveis criminosos que lhe matam o pai e levam consigo Lugh, o irmão gémeo que ela adora. Sozinha com Emmi, a irmã mais nova, Saba vai investir toda a sua coragem e o seu espírito combativo na busca do irmão, numa demanda perigosíssima e empolgante, através de intermináveis extensões desérticas e violentas intempéries, que culminará numa apoteose de pura adrenalina."


Estrada Vermelha, estrada de sangue é o primeiro volume de uma trilogia que, em alguns países, já tem o segundo volume - Rebel Heart - editado. É um romance para jovens adultos centrado, sobretudo na personagem de Saba, uma rapariga que viveu com os pais e os irmãos numa zona remota - Silverlake - sem contacto algum com qualquer tipo de civilização e com muito pouco contacto com outros humanos que não a sua família, o que faz com que nada saiba sobre o mundo em que vive. A vida desta jovem dá uma valente reviravolta no dia em que uma tempestade de areia trás consigo um bando de malfeitores que acabam por lhe matar o pai, raptar o irmão e deixá-la sozinha, no meio do deserto, com a sua irmã mais nova a cargo.
Contudo, Saba está muito para lá de se resignar com a sua sorte. É uma jovem teimosa que sempre viveu à sombra do seu irmão gémeo, Lugh, mas que se revelará um poço de energia e persistência. Longe de aceitar o seu destino, Saba parte em busca do irmão e é aqui que tudo acontece.

Com o abandonar de Silverlake por parte das jovens irmãs o leitor começa a ter um vislumbre daquilo que é o mundo pós-apocalíptico que serve de cenário a esta estória. Uma tremenda falta de água (e consequente falta  de alimentos) marca toda a civilização que regrediu ao ponto de parecer que todos vivem de trocas e de algum tipo de vagabundagem mais ou menos violenta, muitos dependentes de uma droga que vicia  entorpece a mente de quem a consome. É um mundo cão onde os fins justificam quaisquer meios, onde a cultura não existe, as pessoas não sabem ler e onde todos são dominados por um auto-denominado Rei e os seus estranhos e intrigantes guardas. Apesar de ficarmos a saber tudo isto (mais detalhado, obviamente) não fiquei completamente convencida. A caracterização deste universo é muito boa e as descrições dos vários locais são estupendas (acho que cheguei mesmo a ver o deserto, o lago seco, os Campos da Liberdade...), ainda assim, nada nos explica o que aconteceu para que o mundo e as pessoas que o habitam tivessem chegado àquele ponto. São deixadas umas ténues pistas no ar, é certo, mas nada de concreto. E depois há o Rei. Mas como chegou aquele homem a ser o que é? De onde vieram os Tonton? Enfim, há coisas que não encaixaram, pelo menos neste primeiro volume.

O ponto forte são sem dúvida as descrições a par dos personagens. Todas as descrições vão ao pormenor e até nas cenas mais violentas o leitor consegue mesmo sentir-se no centro da acção graças às descrições vividas e coloridas com que a autora nos brinda. Os personagens além de muito reais são um pouco atípicos. Normalmente nos livros dirigidos a um público mais jovem as coisas são muito "a preto e branco" mas aqui não há personagens bons ou que nunca se enganam. Claro que há os maus e que são mesmo intragáveis mas  os personagens principais e os secundários que os acompanham são muito reais. Cometem erros, são imprevisíveis, orgulhosos e arrogantes mas também se emocionam, amam e, acima de tudo, lutam por aquilo em que acreditam. Outro ponto "engraçado" e fora do comum (e que me agradou bastante) é que o romance não é o ponto central da trama nem lhe toma o lugar, é apenas um desenvolvimento paralelo que serve para dar outro "saborzinho" à narrativa.

Mesmo sendo algo previsível e havendo alguns pormenores que penso não terem sido tão bem conseguidos quanto seria de esperar, gostei bastante do livro. Aguardo a segunda parte para poder saber se as lacunas serão colmatadas e, confesso, porque fiquei algo curiosa.

Podem ler um excerto aqui

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