domingo, 13 de fevereiro de 2011

Pátria

Título: Pátria
Autor: R.A. Salvatore
Tradução: Mário Matos
Edição: Saída de Emergência
Nº de páginas: 304

"Nas profundezas da terra e rodeada de trevas eternas, esconde-se a imensa cidade proibida de Menzoberranzan. Habitada pelos drows, os temidos elfos negros, Menzoberranzan é governada por um complexo sistema de Casas em constante batalha. No meio de uma dessas batalhas nasce uma criança com olhos cor púrpura. A criança, Drizzt Do'Urden, destinada a tornar-se príncipe de uma das Casas, cresce num mundo vil onde a sua própria família não hesita em conspirar, trair e assassinar. Surpreendentemente, Drizzt desenvolve um sentido de honra e justiça completamente estranho à sua cidade. Mas haverá lugar para ele num mundo onde a crueldade é a maior virtude? Venha descobrir Drizzt, o elfo negro, uma das personagens mais lendárias da fantasia. E acompanhe-o na épica e intrépida jornada para longe de um mundo onde não tem lugar... em busca de outro, na superfície, onde talvez nunca o aceitem."
Pátria é o primeiro volume da Trilogia do Elfo Negro, escrita (e vamos lá ver se não me engano que não percebo nada disto) a partir do jogo RPG Dungeons & Dragons. Posto isto, e dado que estas coisas dos jogos estranhos com nomes estrangeiros são algo que nunca penetrou aqui no meu universo provinciano (tenho que confessar que já tentei perceber o que é isto ao certo mas ainda não cheguei lá...), não sabia muito bem o que pensar deste livro. Que um livro desse lugar a um jogo ainda compreendia, o contrário era mais difícil de encaixar. Contudo, posso afirmar que foi uma agradável surpresa.
Mezoberranzan é uma cidade subterrânea habitada pelos drow (os elfos negros) e dominada por um complexo sistema social de Casas que, venerando a deusa aranha, procuram única e exclusivamente ascender socialmente. Nesta escura cidade o perigo espreita a cada esquina e os habitantes, além de se concentrarem nas suas maquinações, têm de se manter constantemente alerta pois aqui todos os crimes são válidos e não puníveis desde que o perpetrador não seja apanhado em flagrante e não deixe testemunhas que o possam acusar.
É em plena tomada de uma casa, um episódio sangrento e de extrema violência, que Drizzt vem ao mundo com a finalidade de ser sacrificado à deusa num ritual que trará poder à Casa da sua família. Numa reviravolta do destino, outro membro da família é sacrificado e Drizzt acaba por sobreviver ao seu terrível destino. Ainda assim, cedo se revela uma criança fora do normal, não apenas fisicamente, desenvolvendo características estranhas à sua raça e até condenáveis aos olhos dos seus congéneres. Apesar de todas as provações e dificuldades, o jovem consegue crescer numa sociedade que pensa podre e corrupta, onde nada lhe parece correcto e tudo vai contra o seu sentimento de justiça. Cresce e mantém as suas singulares características e vão ser estas que lhe vão custar a sua inocência, a vida do único ser que o amou e o exílio auto-imposto.
Gostei da personagem principal e das diferenças que apresenta em relação à sua raça, dos problemas de consciência que essas diferenças lhe trazem e também, em oposição, dos problemas que estas características trazem aos demais. Contudo, o que mais me fascinou nesta narrativa de tão fácil leitura foi sem dúvida o sistema de Casas e a complexidade da hierarquia social de Mezoberranzan. Penso que é, sem dúvida, um dos aspectos mais enriquecedores do livro, a par das descrições da cidade e das cenas bélicas que nos tornam capazes de imaginar tudo com uma nitidez incrível. São descrições ricas sem serem longas ou maçadoras.
Não achei os personagens muito complexos ou bem conseguidos, não consegui estabelecer uma ligação com nenhum deles e mesmo Drizzt só me conseguiu começar a cativar já no final do livro.
Ao que tudo indica, o próximo título desta trilogia, Exilio, será editado já em Fevereiro. Apesar de não me ter deixado completamente "apanhadinha", gostei da estória e irei continuar a seguir as aventuras e desventuras de Drizzt com interesse pois, como já disse, foi uma surpresa agradável para alguém que caiu de pára-quedas neste mundo.
6,5/10

7 comentários:

Vitor Frazão disse...

Está longe de ser a única obra gerada por "Dungeons & Dragons" ou a melhor.

Dentro dessa temática os livros de "A Saga da Lança do Dragão" são muito superiores (na minha opinião, claro).

Alice disse...

Ah, pois é... aqueles de Weis e Hickmen!!! Nem me tinha lembrado desses. Pois é, já li essa saga (há uns 10 anos atras) e em retrospectiva é de longe muito melhor que esta do Elfo Negro.
Mesmo assim, não o achei mau. Surpreendeu-me em alguns aspectos e o sistema de Casas e a hierarquização da sociedade drow foram alguns deles.

Vitor Frazão disse...

Dá-me a impressão que o autor gastou mais templo a planear sistema de Casas e a hierarquização da sociedade drow (que não contesto que esteja bem feito) do que na construção das personagens. O que me surpreende, pois pelo que li do autor esperava que fosse mais cuidadoso com o último aspecto.

"A Saga da Lança do Dragão" também os devo ter lido há uns 10 ou 12 anos. "Dragões de uma Chama de Verão" foi o meu livro preferido até ser destronado por "O Filho das Sombras" de Juliet Marillier.

Alice disse...

Pois é, as personagens são fraquinhas. Já tinha lido umas entrevistas do autor e alguns artigos sobre ele e a sua escrita e esperava mais. Não são personagens que nos cativem e com as quais criemos qualquer tipo de empatia ou que odiemos logo nas primeiras páginas. Tornam-se algo indiferentes para o leitor, serem aqueles personagens ou outros...era quase a mesma coisa

Diogo Soares disse...

Concordo quando dizem que a saga Lança do Dragão é superior, li em 2001 mais ou menos e adorei.

Mas quanto ao elfo Negro foi o que estava à espera, para quem já leu "muita" fantasia não é nenhuma obra de arte, mas está no meio da tabela.
Eu gostei da escrita do autor, caracteriza o suficiente para percebermos a história, é um livro sombrio mas infantil que se lê muito rapidamente, agora é esperar pelo segundo que espero que saia este mês...

Alice disse...

Diogo, é bem verdade que o lançamento está já muito próximo. Não te sei dizer neste preciso momento se a coisa ainda é para este mês mas...se não é em Fevereiro é em Março. A editora até já avançou a capa, é uma imagem em tons de verde na linha da capa deste primeiro volume.

Diogo Soares disse...

Boas é só para dizer que o lançamento é dia 25 de Fevereiro.