terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A Passagem - Volume I

Título: A passagem - Volume I
Autor: Justin Cronin
Tradução: Miguel Romeira
Edição: Ed. Presença
Nº de páginas: 560
ISBN: 9789722346061

Ler primeiras páginas aqui

"A Passagem é o primeiro livro de uma grandiosa epopeia pós-apocalíptica. Uma experiência científica a que o exército dos Estados Unidos submete vários homens e uma menina, para os tornar invencíveis, resulta numa catástrofe cujos efeitos têm consequências inimagináveis. Os homens submetidos àquela experiência tornam-se detentores de extraordinários poderes, mas são monstros assassinos sedentos de sangue. Neste primeiro volume do livro acompanhamos a sangrenta destruição que se segue à invasão dos mutantes, bem como a penosa reorganização dos sobreviventes em pequenas comunidades precárias, onde a gestão dos escassos recursos é uma prioridade. Neste cenário de devastação instala-se uma dinâmica que vai modificando as personagens e as relações que se estabelecem entre elas."

Wow...! Como é que eu demorei tanto, mas tanto tempo a decidir-me por ler isto?!? A primeira coisa a chamar-me a atenção foi, como é fácil de imaginar, a capa. A sinopse era algo mais duvidosa e, se calhar, deve ter sido mesmo por isso que este livro este meses à espera de ser lido. O facto do primeiro volume,  no original,  ter sido dividido em dois livros (o primeiro é este) também não ajudou. Oh, se eu soubesse...!!

Não caindo em spoilers, Justins Cronin leva-nos até ao principio do fim - o fim do mundo tal como o conhecemos - terminando a viagem num terrível mundo pós-apocalíptico onde a sobrevivência é uma luta interminável num sentido muito literal. Decorrendo a acção num período de anos algo difuso mas que (pelas minhas superficiais contas e eu sou péssima com números...) penso ser de 102 anos, é imenso o número de personagens que cruzam o nosso caminho. Digo isto assim porque, na verdade, parece mesmo que os conhecemos, tal é o seu grau de realismo e a grande quantidade de informação que obtemos acerca  de cada um deles. O leitor consegue criar um elo tão especial com cada um dos personagens que até se torna difícil destrinçar quais são, definitivamente, os principais e os secundários. Para isso contribui o facto de a narrativa não ser sempre vista do ângulo do mesmo personagem - por vezes um assume uma posição preponderante para, alguns capítulos adiante, ser outro aquele que tem o protagonismo.

Este jogo de trocas, quase como um jogo de luzes num espectáculo de palco, é usado também em relação a todo o lapso temporal no qual decorre a narrativa. O autor, consegue (ao principio era um bocadinho confuso mas depois entranhou-se-me....) de um modo algo peculiar contar-nos todas as vidas que aqui se cruzam através de diversos saltos temporais, que longe de nos confundirem, servem para explicar e dar mais detalhes e consistência não apenas à história mas a todo o universo magistralmente criado.

É uma distopia refrescante e audaciosa que nos deixa viciados logo nos primeiros capítulos. Talvez isso se deva ao facto de ser uma narrativa muito mais madura que as que têm proliferado no último ano. Não há romances adolescentes (quem está a lutar para não morrer não tem tempo para isso - eu bem digo!) o que não significa que não haja amor; a maldade é mesquinha, definitivamente humana e não literária; e o modo como o autor consegue captar, compreender e transmitir os sentimentos - do mais esmagador ao mais insignificante - deixou-me completamente rendida.
Só lendo mesmo...

8,5/10

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