Uma Aventura dos Cavalheiros Bastardos
Autor: Scott Lynch
Tradução: Ana Mendes Lopes
Edição: Saída de Emergência
Nº de páginas: 544
"Diz-se que o Espinho de Camorr é um espadachim imbatível, um ladrão mestre, um amigo dos pobres, um fantasma que atravessa paredes. De constituição franzina e quase incapaz de pegar numa espada, Locke Lamora é, para mal dos seus pecados, o afamado Espinho.
As suas melhores armas são a inteligência e manha à sua disposição. E embora seja verdade que Locke roube dos ricos (quem mais vale a pena roubar?), os pobres nunca vêem um tostão. Todos os ganhos destinam-se apenas a ele e ao seu bando de ladrões: os Cavalheiros Bastardos.
O submundo caprichoso e colorido da antiga cidade de Camorr é o único lar que o bando conhece. Mas tudo vai mudar: uma guerra clandestina ameaça destruir a própria cidade e os jovens são lançados num jogo de assassinos e traidores onde terão de lutar desesperadamente pelas suas vidas. Será que, desta vez, as mentiras de Locke Lamora serão suficientes?"
A primeira coisa que me chamou a atenção neste livro foi a capa. Não sei porquê, faz-me lembrar uma Veneza Renascentista ou, talvez, ainda mais antiga; despertou a minha curiosidade e não consegui mesmo resistir... Valeu a pena!
A acção passa-se em Camorr uma importante Cidade-Estado que, apesar de não ser a Veneza da minha imaginação, achei muito interessante. A estrutura política é-nos bem explicada pelo autor, assim como as tradições, traições e ligações sociais e outras que, na maioria dos casos, são bastante intrincadas.
Não achei que a narrativa decorresse a um ritmo alucinante, nem nada que se lhe pareça, mas de algum modo o autor conseguiu prender-me a atenção logo nos primeiros capítulos. Talvez tenha sido a curiosidade acerca de um ladrão que rouba demais, que rouba por gosto... Além da semente da curiosidade que desde cedo começa a germinar no leitor, outra coisa que serve para nos deixar "agarrados" ao livro é o facto de Lynch ir alternando a narrativa presente com a de factos passados relativos às histórias pessoais de cada um dos personagens. Deste modo conseguimos não só conhecê-los melhor mas também compreender com maior alcance as suas acções e reacções. O humor também está sempre presente aligeirando algumas situações mais complicadas e conseguindo arrancar-nos algumas gargalhadas.
Quanto ao mistério e à intriga propriamente dita... adorei. As cenas do passado remetem para o presente e vice-versa, muitas vezes dando-nos a sensação de que já conseguimos antever os passos seguintes da trama mas nesses precisos momentos há sempre qualquer coisa, qualquer reviravolta e voltamos quase à estaca zero (mas é só às vezes...). Os planos e as mentiras de Locke, tanto em adulto como em criança, são rebuscados e inteligentemente deliciosos, quase nos dão vontade de ter participação activa num dos seus crimes. Fiquei sem sombra de dúvidas a desejar ser "espectadora" de mais um golpe de mestre em breve.
Quanto aos pontos negativos, tive pena de ver um fraco aproveitamento de alguns personagens que prometiam muito (não posso dizer nomes sem deixar aqui um spoiller do tamanho de hoje e de amanhã) e que agora também já não vou conhecer melhor porque... morreram. Pois é, mas devia ter adivinhado que algo do género podia vir a acontecer visto Martin ter considerado a "história original e cheia de vigor" e Lynch "um novo autor brilhante". Por ai devia perceber que alguns dos meus personagens preferidos iam sofrer algum tipo de dano severo.
Também a magia e os magos foram pouco explorados, a meu ver. Mas como esses não tiveram um fim trágico penso que os vamos poder voltar a ler e saber mais sobre eles numa das próximas aventuras dos Cavalheiros Bastardos. Até porque com o final deste volume... o próximo promete!!
Gostei bastante. Recomendo
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