domingo, 24 de fevereiro de 2013

Direitos de Sangue

Título: Direitos de Sangue
Saga/ Série: A Casa das Comerré
Autor: Kristen Painter
Tradução: Elsa T. S. Vieira
Edição: Edições Asa
Nº de páginas: 367
ISBN: 9789892321639

Chrisabelle esconde no corpo as marcas douradas e os segredos das comarré - uma raça especial de humanos criada para alimentar a elite de vampiros nobres com o seu sangue rico e poderoso. O destino dela está traçado desde sempre: servir incondicionalmente o seu patrono. Mas quando este é assassinado, a vida de Chrysabelle muda por completo. Finalmente pode ser livre, um sonho que nunca se permitira ter e que depressa se transforma num pesadelo. Ela é a principal suspeita do crime e do roubo de um anel mágico. O anel que a ambiciosa Tatiana está decidida a recuperar, custe o que custar. Chrysabelle atravessa o Atlântico para provar a sua inocência, e nesta demanda o seu caminho cruza-se com o de Malkolm, um poderoso e irresistível vampiro que foi renegado e alvo de uma maldição. Ambos tentam combater a inegável atração que os une. Mas o tempo urge. Ambos têm de unir esforços para travar os planos de Tatiana, que pretende acabar com o mundo tal como eles o conhecem e fundar um reino de trevas. Direitos de Sangue é o primeiro volume da série Casa das Comarré e um best-seller internacional.

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Aquilo que me levou à leitura deste livro foi uma amálgama de coisas, às vezes completamente contrárias entre si. Gostei imenso da capa logo na primeira vez que vi a imagem. Depois, olhei para o aglomerado de informação que a sobrecarrega e franzi o sobrolho, normalmente quando dizem que os fãs de autor X ou Y estavam à espera de determinado livro o resultado não é o melhor. Procurei informações no goodreads e rapidamente percebi que é um daqueles livros que ou se adora ou se odeia. Nada de bom...  Finalmente, no passado sábado, na página de livros do Jornal i, vinha este título dado com "Reprovado". E porquê? Por causa da capa. Aparentemente, quem se dedica à secção de livros do jornal nem leu o livro mas olhou para a capa e decidiu logo que a coisa não prestava. Foi quanto bastou para o começar a ler de seguida. Tenho certa alergia às opiniões literárias dos jornais e revistas especializadas do género, são todas tão intelectuais, tão analíticas, tão contra aquilo que as pessoas normais costumam ler... e, ainda por cima, nesta situação, nem crítica havia!! 

Enfim, considerações à parte confesso que tenho uma certa dificuldade em classificar este livro. Não sei se será a melhor analogia, ou se todos a vão compreender, mas é como se a Buffy, a Mercy e a Sookie se encontrassem com um misto de Edward e Mr. Hide no Paço dos SaDiablo. Estranhamente, a coisa até acaba por resultar bem. Não achei uma grande revolução no mundo da literatura sobre vampiros nem uma obra de arte mas gostei bastante desta leitura (devo ser das poucas pessoas que têm meio-termo em relação a este título...!!!). As personagens principais são as típicas do romance paranoral e não têm a profundidade que a história pedia, apesar de haver alguns aspectos que me fazem pensar que este ponto pode sofrer alterações em volumes futuros e pode haver uma evolução positiva (afinal, este é um volume introdutório). Já as personagens secundárias são quase as típicas personagem-tipo e não dão sinais de grande evolução. 

A escrita é muito simples e fluída e a trama é muito previsível e estereotipada  - um crime; uma menina mimada injustamente acusada; um vampiro mauzão que, por qualquer motivo, não lhe enfia os dentes no pescoço; tensão sexual a rodos; um rapto e consecutiva missão de salvamento - mas de algum modo acabamos por nos ver presos à história. Além disso, há o "twist revelação" final e a autora perde o seu tempo para nos contar histórias paralelas e o passado dos personagens. Longe de ser um aspecto negativo, este introduzir de informação acaba por surgir de forma natural e serve não só para o leitor conhecer um pouco melhor os protagonistas e seus acompanhantes mas também para deixar algumas coisas a pairar no ar e despertar curiosidade para os futuros volumes da saga.

Apesar de a considerar uma boa leitura para aqueles dias em que não se quer ler nada muito maçudo, em que o que apetece é descontrair há um lado deste livro que parece mais complexo e que, por acaso, foi aquele que mais me agradou. O ambiente gótico e o mundo sobrenatural que a autora criou tem aspectos bastante originais e que cativam. As comarré  com os seus corpos dourados pelo ouro com que se marcam e o cheiro irresistível que acaba por lhes proporcionar uma vida longa mas pejada de segredos e mistérios. As famílias de vampiros nobres e a hierarquia dentro desta espécie. Os  Castus Sanguis, anjos caídos, antepassados dos vampiros  cujo nome muitos têm medo de pronunciar tal é a maldade que lhes consome a alma. Tudo isto compõe um mundo negro e misterioso em que uma guerra está prestes a começar e nada parece ser aquilo que parece (uma redundância estranha mas verdadeira.). Espero que a autora continue a explorar estes aspectos e não dê uma excessiva importância à relação amorosa e sexual dos protagonistas pois a saga tem potencial para crescer e se tornar numa das preferidas tanto dos ("novos") fãs de vampiros com dos de fantasia urbana.

7/10

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