terça-feira, 10 de outubro de 2017

Potterheads em Hogwarts

Não sei se se recordam, o sequer se se deram conta, mas no ano passado, aquando do lançamento da edição portuguesa de "Harry Potter and the Cursed Child" (Harry Potter e a Criança Amaldiçoada) a Wook avançou com um passatempo nas redes sociais. O Objectivo era ganhar um bilhete duplo para visitar o Warner Bros. Studio, Making of Harry Potter em Londres e para o alcançar os interessados tinham que escrever um feitiço totalmente novo e explicar o seu uso. Se querem que vos diga já não estou muito certa do feitiço com que concorri o que sei é que, com vários anos de atraso, a minha carta para Hogwarts chegou!! Sinceramente, acho que fiquei um bocadinho maluca quando recebi a notícia :) Ora, duas pessoas... nem se colocavam dúvidas, a minha irmã (a nossa Bailarina) tinha mesmo que embarcar nesta comigo.  Mas não fomos sozinhas! Após vários meses de planeamento, de marcações loucas com os estúdios (sim, o serviço de marcações é um bocado complicado e as reservas têm que ser feitas com meses de antecedência) lá fomos com as nossas melhores amigas, mais duas Potterheads, rumo a Londres decididas a fazer uma completa "viagem Harry Potter".

Não vos quero massacrar com a descrição exaustiva de uma semana de viagem, hoje vou apenas falar-vos dos estúdios. 
Apanhámos o autocarro no centro de Londres com enorme expectativa e convictas que as 5 horas que se seguiriam iam ser o ponto alto da viagem. Foram mesmo, claro!! Durante a viagem, que dura cerca de hora e meia, fomos vendo o filme "Harry Potter e a Câmara dos Segredos" com que os responsáveis pela visita nos brindaram como forma de "boas-vindas" e para nos aguçar o apetite.
À chegada, as entradas são controladas de modo a que depois as pessoas não andem a atropelar-se umas às outras na ansia de ver tudo. É um bocado chato ficar à espera da nossa vez, claro, mas com grupos de 50 pessoas de cada vez as coisas correm muito bem (gostei mesmo desta política porque vi tudo com calma e ao meu ritmo sem ter ninguém a empurrar ou a incomodar - ou a sentir-se incomodado!!) e os 20 minutos de espera também não são nada de extraordinário face ao que vem depois... Além disso, nesta área temos logo o primeiro cenário - o Armário debaixo das Escadas onde Harry passou grande parte da sua infância.


 

Nas duas primeiras salas somos recebidos por um dos colaboradores dos estúdios e assistimos a dois pequenos filmes sobre o universo Harry Potter e tudo o que envolve este personagem e de seguida... Magia!! A porta do Salão Principal de Hogwarts está à nossa frente e a sensação é, de facto, de que entrámos televisão adentro e tudo pode acontecer. O Grande Salão está exactamente como o vemos nos filmes, as mesas postas com loiça de um detalhe magnifico, as gárgulas ao longo das paredes, as grande lareiras e, ao fundo, manequins em tamanho real e trajados a rigor junto à mesa dos professores. Falha o céu do Salão mas não se pode ter tudo e isto é a vida real, sem efeitos especiais.






Do Grande Salão passamos para um enorme open space com inúmeras partes de outros cenários, figurinos usados pelos actores e sobretudo detalhes. É verdade, os cenários são imensos e muito completos. Fiquei surpreendida com o tamanho que têm na realidade  :) mas o segredo, a riqueza está toda nos pequenos detalhes e no cuidado com que tudo foi feito. Está aqui realmente tudo, tudo, tudo o que possam imaginar. Desde objectos que quase nos escapam mas aparecem em quase todos os filmes, até decorações e objectos que aparecem uma única vez, por meros segundos, num dos filmes da saga (é o caso da decoração da mesa de bebidas do Baile de Natal no Harry Potter e o Cálice de Fogo, por exemplo). 
Aqui, cada um gere o tempo por sua conta e o desafio é esse mesmo, fazer uma boa gestão do tempo. Pensei que 3 horas para fazer a visita eram mais do que suficiente, um exagero. Enganei-me!! Enganei-me e foi aqui que comecei a percebe-lo. Como assim? Fácil, queremos ver todos os cenários com calma, apreciar todos os pormenores, ver bem todos os figurinos e até parar e ver alguns dos pequenos filmes com depoimentos de vários profissionais envolvidos na produção e realização dos filmes. É aqui que vemos respondida a velha questão "Como é que eles fizeram isto?". Além disso, há também algumas áreas de simulações onde podemos, por exemplo, conduzir uma vassoura num jogo de Quidditch ou voar num Ford Anglia meio desgovernado sobre Londres tudo com traje a rigor (capa de feiticeiro, entenda-se).









Depois de nos maravilhar-nos com os cenários principais de com todos os objectos expostos passamos à área novidade em 2017, a Floresta Proibida. Fiquei um bocadinho triste com o tamanho dedicado a este cenário, é bastante pequeno mas, ainda assim, é um mimo para qualquer fã e foi uma sorte podermos caminhar pela Floresta numa noite em que estava cheia de criaturas mágicas.






O frio e a escuridão são então substituídos pelo cenário acrescentado em 2015 e que é a perdição de todos. A sério, aqui foi onde vi mais bocas abrir, mais telemóveis e máquinas fotográficas a disparar ou não estivéssemos nós na Plataforma 9 3/4 onde o Expresso de Hogwarts nos espera para nos levar directamente à escola. O comboio foi mesmo utilizado nas filmagens e podemos entrar nele e visitar as várias cabines que têm a particularidade de estar decoradas a preceito correspondendo cada uma delas a um ano escolar (e de viagem) dos protagonistas dos filmes exactamente como as vimos no nosso ecrã. Na plataforma propriamente dita há bagagem com fartura e malas de feiticeiro para todos os gostos e o visitante acaba por se divertir um bocado à procura da bagagem dos seus feiticeiros preferidos. Há também vários carros de transporte meio enfiados na parede que permitem tirar a típica foto de quem "vai embarcar" no comboio mágico. Como vos disse antes, a entrada é feita por grupos e é nestas coisas que se nota a eficácia da medida, toda a gente tirou fotografias nos carrinhos, com a bagagem, nas escadas de entrada do comboio sem atropelos ou problemas de maior. 
Além de tudo isto, há mais uma zona de simulação onde podemos viajar numa cabine do Hogwarts Express e escolher o cenário exterior.




Já vos parece muito? A mim também mas muito mais nos esperava... Percebem agora porque vos dizia que 3 horas não chegavam? Tinha lá ficado mais 3, pelo menos, se pudesse!! 
Saímos o Hogwarts Express e demos por nós na cafetaria dos estúdios. O espaço é agradável sem ser demasiado confortável (caso contrário precisaríamos de mais tempo de visita!!) foi aqui que experimentámos uma cerveja de manteiga. Nem podíamos deixar passar a oportunidade depois de tantos anos a ler sobre os benefícios de uma caneca deste liquido no estado de espírito e até no combate ao frio. Devo dizer que as expectativas não eram altas, já tínhamos todas ouvido dizer que o sabor não era o mais agradável. Ainda assim, ali mesmo ao lado estava um miúdo com uns 6 anos que estava a adorar o que nos levou a arriscar e vencer as últimas reticências (se o puto gostava tanto não podia ser assim tão mau). O miúdo já devia estar "batido" naquilo...! A verdade é que o sabor não é assim tão horrível como nos tinham dito mas também não é a sétima maravilha do mundo. É uma coisa estranha que no primeiro gole é bastante má mas que vai melhorando à medida que bebemos.


Da cafetaria conseguimos ver um pátio exterior onde estão os grandes cenários exteriores - a casa de Godrics Hollow, o Autocarro Cavaleiro, a icónica ponte de madeira dos campos de Hogwarts e o nº4 de Privet Drive. De todos estes, os únicos em que podemos realmente entrar são a ponte e a casa de infância de Harry. E lá fomos nós...






De regresso ao interior e depois de muito olhar para o relógio com o tempo a pressionar, visitámos uma área em que se podem ver revelados os segredos de caracterização (que isto de fazer um Hagrid ou um duende não é assim tão simples), das várias criaturas mágicas que fomos conhecendo ao longo de vários livros e filmes e ainda os segredos mais técnicos e que se prendem com cenários e as filmagens dos mesmos. Há até uma enorme maquete de Hogwarts que foi usada para filmagens em que se vê o castelo no seu todo, com luzes que vão mostrando os truques não apenas das várias fases do dia mas também de como se faz a simulação das várias estações do ano.  




Posto isto, entramos na Diagonal. E é lindo...!! Já vi várias fotografias do parque americano e, pelo que posso perceber, lá é no exterior e muito maior. Mesmo assim, este cenário é mesmo mágico e quanto mais andávamos ao longo da rua mais nos caía o queixo, estavam lá as lojas todas - Olivander's, a livraria Flourish & Blotts, a loja de criaturas mágicas, a louca loja dos gémeos Weasley e até Gringots - tudo com tantos pormenores e tantos detalhes nas montras que era completamente impossível passar-lhes à roda sem perder mais do nosso precioso tempo (nesta parte já estávamos a ver-nos um bocadinho enrascadas na gestão da coisa). 




A visita acaba, após passagem pelo interior da Olivander's, numa enorme loja onde podemos encontrar tudo o que se possa imaginar desde que relacionado com o Universo Harry Potter (Monstros Fantásticos incluídos) de termos comprado algumas coisinhas, foi o único ponto da visita em que demos graças ao cosmos pela falta de tempo (estivémos na loja uns 15 minutos) que já nos puxava para uma corrida até ao autocarro que nos levaria de regresso ao centro de Londres com as carteiras algo mais vazias mas a alma cheia pela experiência que foi, sem dúvida, o ponto alto da nossa viagem.



PS: Espero não vos ter massacrado muito com esta minha descrição (não dá para ver que adorei aquilo nem nada) ou com o excesso de fotografias mas foi mesmo uma experiência memorável. Desculpem qualquer coisinha...!!! :)

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Pré lançamento exclusivo de "cartas de Profecia" no Festival Bang!


 Há uns dias a editora Saída de Emergência anunciou que, face à presença da autora Anne Bishop no Festival Bang!, os fãs poderiam nessa ocasião adquirir (e, claro, autografar) o novo volume da Saga Os Outros. Boas notícias aqui para as meninas que são super fãs desta rainha da fantasia. 
Enquanto 28 de Outubro não chega, temos a sinopse e imagem de capa.


Depois de uma insurreição humana ter sido brutalmente abortada pelos Anciãos – uma forma primitiva e letal dos Outros –, as poucas cidades que os humanos controlam estão dispersas. E os seus habitantes conhecem apenas o medo e a escuridão da terra de ninguém.
 À medida que algumas dessas comunidades lutam para se reconstruir, Simon Wofgard, o líder lobo metamorfo, e Meg Corbyn, a profetisa de sangue, trabalham com os humanos para manter a frágil paz. Mas todos os seus esforços são ameaçados quando uma misteriosa figura humana aparece.
 Com os humanos desconfiados em relação a um dos seus, a tensão aumenta, atraindo a atenção dos Anciãos, curiosos sobre o efeito que este predador terá na matilha. Mas Meg já conhece o perigo, pois viu nas cartas de profecia como tudo terminará: com ela ao lado de uma campa.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Festival Bang!

Ora, aqui está uma boa notícia que nos foi dada há já uns meses. A editora Saída de Emergência está a organizar um festival dedicado à literatura fantástica. Além da própria editora que nos proporcionará, pré-lançamentos, compra de livros com 50% de desconto e até uma conversa e sessão de autógrafos com a autora Anne Bishop (sim, leram bem. A autora da trilogia das Jóias Negras e da saga OS Outros, entre outras, estará em Portugal), estarão presentes vários parceiros com merchandising, artigos e experiências ligados com o fantástico.

O programa já foi disponibilizado mas devemos ter algumas surpresas e novidades à medida que a data se for aproximando.


O evento será realizado no Pavilhão Carlos Lopes, bem no centro de Lisboa e numa área muito bem servida tanto por transportes  públicos como a nível do estacionamento. Haverá espaço não apenas para livros mas também para relaxar e matar o bichinho da fome.



Os bilhetes custam 5€ e já estão disponíveis em:
  • www.ticketline.sapo.pt, Fnac, Ag. Viagens Abreu, Worten, A.B.E.P., Casino Lisboa, C. C. Dolce Vita, C.C. Mundicenter, El Corte Inglês e SuperCor, Galeria Comercial Campo Pequeno, MMM Ticket, UTicketline, C.C.B., Time Out Mercado da Ribeira, Shopping Cidade do Porto, Forum Aveiro, Ask Me Lisboa e INFORMAÇÃO/RESERVAS: Ligue 1820 (24 horas)
  • Interdita a entrada a menores de 6 anos
  • Bilhete pago a partir dos 10 anos
  • Dos 6 aos 9 anos  não pagam bilhete , mas têm de ser portadores de bilhete , disponível nos vários pontos de venda com a tipologia “Entrada 6 aos 9 anos” 
Atenção às seguintes regras:
  • É obrigatória a troca do bilhete por pulseira livre-trânsito.
  • No dia do festival, ao bilhete de adulto é atribuído um voucher no valor de 5€ a ser descontado na compra de livros da coleção Bang! no dia do evento (28 de outubro).
  • Na sessão de autógrafos com Anne Bishop, só será permitido autografar um máximo de três livros por pessoa das edições portuguesas publicadas pela Saída de Emergência.

Para mais informações ou para se irem mantendo actualizados no que respeita ao Festival Bang! podem seguir o link até à página oficial do evento.


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Daisy Fandom Box

E aqui estou eu de novo (isto começa a ser uma frase algo recorrente...!!! demasiado, até) mas hoje não vos trago nenhum livro. Durante este período de ausência tomei conhecimento da existência da DaisyFandomBox. Este é um projecto inspirado em outros já existentes, sobretudo na Inglaterra e nos Estados Unidos, e que consiste na assinatura mensal de uma caixa, neste caso de artigos relacionados com vários fandom - não apenas literários - que iremos receber em casa.

Pessoalmente, sempre tive um enorme desejo de poder subscrever um serviço destes e acreditem, há imensos... (Owlcrate, Shelflovecrate, FairyLoot, geekgearbox...) o único problema é o custo. Não é que as caixas em si sejam caras mas, na maioria das vezes, os portes de envio saem-nos mais caros que a própria caixa além de que, na maioria dos casos, a subscrição mínima é de três meses. A caixa que vos apresento agora é de subscrição mensal e podem sempre escolher não a receber num determinado mês se o tema não for do vosso agrado. Acredito que tenha sido nestes ou noutros serviços semelhantes, inexistentes com selo nacional, que a Margarida se inspirou para criar a DaisyFandomBox. Estas são umas caixinhas muito simpáticas que nos trazem 5 a 6 artigos relacionados com um determinado tema e um ou mais fandom. 

Como é que funciona? Simples, O tema é divulgado no inicio de cada mês e a reserva das caixas é feita por mensagem privada e paga por transferência bancária. O preço é sempre de 18€ mais 3€ para portes de envio. Caso o pagamento não seja feito em 48h após a reserva, a "nossa" caixa passa a estar disponível para ser recebida por outra pessoa. As caixas são enviadas todos os meses ente os dias 15 e 20. O envio é feito por correio registado o que torna muito mais difícil o extravio da encomenda sendo, pois, mais seguro para quem a recebe. O melhor de tudo? Se divulgarmos as caixas com fotos nas redes sociais usando #daisyfandombox habilitamos-nos a receber a caixa do mês seguinte de forma gratuita.

Claro que, fazendo a Margarida tudo sozinha e por gosto, por querer suprir uma falta que era sentida por ela própria, sem ter por trás uma equipa que a apoie e uma empresa que suporte alguns custos, as caixas não são tão "ricas" como algumas das que mencionei anteriormente (também não são tão caras!! :)) que, na maioria das vezes, até trazem livros e Funko's e montes de artigos daqueles que qualquer bookaholic namora. Um dia, quem sabe, lá chegaremos... Por ora, posso afirmar que trazem artigos giros, de qualidade e que nos enchem os olhos.

Até agora, já recebi 2 caixas. A primeira, do mês de Agosto, tinha como tema "Felix Felicis" o que que, obviamente, dizer Harry Potter. A encomenda chegou direitinha e com óptimo aspecto e foi uma agradável surpresa. Lá dentro pude encontrar:




A caixa de Setembro era dedicada ao "Girl Power" e continha:


Como é óbvio, ainda se desconhece o tema do mês de Outubro (algo me leva a pensar em vilões mas é apenas um palpite...)  mas pode ser que tenhamos aqui fotos giras quando este sair. Continuemos à espera de mais temas e mais caixinhas. Quanto a vocês, desse lado, podem sempre carregar nos links e aderir ao projecto.


PS: desculpem lá a qualidade das fotos mas não sou grande profissional nisto de fotografar livros de maneira muito artística e apetecível :) e o meu telemóvel também não é uma grande máquina.

sábado, 29 de abril de 2017

Dia Mundial da Dança

Hoje é  Dia Mundial da Dança. Como sabem, a minha irmã é bailarina o que faz deste dia um dia especial. Sirva pois para vos apresentar um dos textos de um jovem autor com um talento imenso e uma sensibilidade sem limites. Ora, deliciem - se então com A Dança de Rui Machado.

A Dança

"A menina dança? Olhe, eu tampouco. Todavia, esta noite decidi viver em regime de excepção. Tome também esse caminho, tenho medo do escuro da noite. Fico-lhe grato pela confiança. Não estranhe a minha felicidade, as minhas noites não conhecem companhias assim. Mão suave a sua. É feita de challis? Não sabe o que é? Sabemos sempre tão pouco sobre nós... Cheguei agora e já a estou a descobrir. Entenda-o como quiser! Tenho muita lábia?! Não diga uma coisa dessas, não lhe mereço. Cheguei agora, lembra-se? Descubra-me também, não me tente adivinhar. Pois saiba que challis é um tecido originário da Índia e em Hindu significa toque agradável. Muito me agrada o seu sorriso, é lindo. Desculpe, nunca lhe disse que trazia novidades. Sou um homem que nunca viu mais do que o óbvio. E que de mais óbvio vejo eu, esta noite, senão a beleza do seu sorriso? Mudemos de assunto, ainda é cedo para desmoronar. Não sei se esta música lhe agrada. Quanto a mim confesso-lhe o meu desinteresse. Qualquer outra me servia desde que me permitisse sentir-lhe o corpo. Esta é lenta, dá tempo para sorver a insensatez do desejo. Perdão, fui ousado, bem sei. Queira perceber que não é fácil ver beber champanhe. Também gosto de o beber. Todo o homem é fascinado pelo bom e o belo. Mais, os pouco bons e nada belos, como eu... Vejo que é uma mulher sofisticada, por certo não me negaria uma taça borbulhante e dourada como a dança que me oferece. Tchim, tchim? Não se ria, ora essa... Não são nada imaginárias as nossas taças! Hum, que maravilha... É um Louis Roederer com toda a certeza. Prove, faça-me a vontade. Isso. Vê? Saboroso... Imaginar é uma provocação dos deuses a nós mesmos. Faz-nos querer e avançar quando é para querer e avançar. Não, não tenho imaginado muito. Há muito que atraquei. Agora deixei-me levar pela sua mão, pelo seu sorriso, pela sua voz, pelo seu corpo. Como paro? Preciso de avançar para parar. Muito sorri a menina... Que nunca lhe a falte a vontade para eu não sufocar na saudade de o ver. Gosto sobretudo do início, quando abre. Tem a Primavera na boca sempre a nascer. Como diz? Devo beijá-la?"

Rui Machado

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Trilogia Baztán


 Como já devem ter reparado, apesar de estar de volta não tenho tido todo o tempo que queria para me dedicar ao blog e tenho montes de reviews atrasadas. Basicamente foi esse facto que hoje me levou a optar não por um livro mas por uma trilogia completa. Li o primeiro livro no final do ano passado e os restantes já este ano e, muito sinceramente, não sei porque demorei tanto a ler esta trilogia quando há montanhas de tempo tanta gente falava dela. Como sabem, vivo aqui bem pertinho de Espanha e quando chegou ao nosso país já esta trilogia era um sucesso de vendas no país de nuestros hermanos e já eu tinha visto os ditos nas livrarias montes de vezes. Mas... não me apetecia. Não sei porquê mas uma trilogia escrita por uma autora espanhola não me prometia nada de espectacular. Estava enganada.De cada vez que pus a mão em cima de um destes livros devorei-o em 2, 3 dias tal era a forma como a leitura me prendia. Adorei.

A premissa é relativamente simples e comum a tantos outros policiais, Amaia uma detective muito promissora, que estudou em Quântico, luta por se afirmar no meio em que trabalha porque o simples facto de  ser mulher contribui para que muitos a desvalorizem ou se sintam por ela ameaçados. a grande oportunidade de mostrar o que vale surge com o aparecimento de um serial killer no Vale de Baztán, local em que Amaia cresceu. Rapidamente se percebe que a mitologia do vale está fortemente ligada a esta série de homicídios e o conhecimento que a detective tem não só do local e das tradições do mesmo mas também das vitimas vai levá-la a entrar numa estranha espiral de acontecimentos. No meio de tudo isto, o leitor rapidamente consegue compreender que a complicada trama familiar de Amaia e o seu trágico passado estão directamente ligados com os casos que vão sendo apresentados nos três volumes.

 
 O enredo, como devem calcular, é pejado de mistério e de acontecimentos algo estranhos pelos quais Amaia se vai movendo fazendo uso de uma intuição algo sui generis e de métodos nem sempre muito ortodoxos. A mitologia é uma constante e é interessante ver como por vezes é bastante semelhante à mitologia e tradições do norte de Portugal. Encontrei aqui os porquês de alguns hábitos e usos do nordeste transmontano que para mim sempre foram assim "porque sim", coisas que nunca ninguém me soube explicar muito bem de onde vinham mas que têm uma forte raíz na ligação das gentes à natureza envolvente e nas práticas ancestrais de protecção contra bruxas de demónios. Contudo, estes aspectos são mais vincados nos dois primeiros volumes. Acheio-os mais envolventes e cativantes e mesmo a trama polícial acabou por me parecer mais consistente. Estando, obviamente, todos ligados por um fio condutor que nem sempre é muito claro, a conclusão não consegue ter a força das narrativas que a precedem. As pistas estão sempre lá e um leitor mais habituado ao género rápido compreende quem está por detrás de tudo embora o como ou porquê nem sempre sejam fáceis de adivinhar. E foi aqui que a conclusão falhou. Toda a trama é rematada em 2 capítulos, se tanto, de forma algo insatisfatória para quem procura todos os porquês que se entrelaçam nesta intrincada tapeçaria. Ficam muitas questões por responder (não posso "spoilar", sorry!!!) e o leitor acaba por ficar com um certo amargo de boca que só é amenizado pela última frase do agente do FBI, Dupree, que deixa antever algum tipo de continuação.

Outro ponto menos positivo e que é comum a todos os volumes são os personagens. Pois é, algo falhou aqui porque achei que alguns dos presonagens secundários são de longe mais fortes, interessantes e complexos que a própria Amaia pese embora esta tenha tudo para ser um personagem fortissimo. Os ingredientes estão todos lá mas a tarefa de nos mostrar essa Amaia falhou e o leitor chega a ter dificuldade em conseguir uma real empatia por ela até nos momentos mais complicados ou mesmo face ao sofrimento da sua infância.

Em todos os volumes a escrita é muito fluída com um ritmo ágil e que prende o leitor, deixando-o sempre desejoso de saber mais, de descobrir o que se segue. Embora não seja grande fã de longas descrições devo dizer que a autora descreve a paisagem do Vale de Baztán e as suas aldeias e vilas de tal modo que, por vezes, dei por mim a pesquisar no google determinado local, ansiosa por ver fotos daquela realidade. Isso é sempre um bom sinal.

Resumindo e concluindo, apesar das falhas na construção e desenvolvimento de alguns personagens e de me ter parecido que a conclusão foi algo atabalhoada (dá a sensação que houve cortes na revisão e que foram deixadas de fora coisas que podiam ser importantes), o ritmo e o mistério conseguiram cativar-me completamente. Ainda que com falhas, adorei a trilogia e recomendo-a.

terça-feira, 14 de março de 2017

Título: Marcado na Pele
Título Original: Marked in Flesh
Série/ Saga: Os outros #4 (The Others #4)
Edição: Saída de Emergência
ISBN: 9789897730245
Nº de páginas: 432 páginas


"Durante séculos, os Outros e os humanos viveram lado a lado numa paz precária. Mas quando a Humanidade ultrapassa os seus limites, os Outros terão de decidir o que estão dispostos a tolerar.
Desde que os Outros se aliaram às Cassandra Sangue, os frágeis mas poderosos profetas humanos que estavam a ser explorados pela sua própria espécie, tudo se transformou na relação entre humanos e os Outros. Alguns como Simon Wolfgard, metamorfo e líder, e a profetisa Meg Corbyn, encaram a nova parceria como vantajosa. Mas nem todos estão convencidos. Um grupo de humanos radicais procura usurpar terras através de uma série de ataques violentos contra os Outros. Mal sabem eles que existem forças mais perigosas e antigas que vampiros e metamorfos e que estão dispostas a fazer o que for necessário para proteger o que lhes pertence…"


Antes de mais devo dizer-vos que, à semelhança do que acontece com todas as outras séries desta autora que já li, adoro esta saga. É ligeiramente diferente daquilo a que estamos habituados nela mas não perdeu aquele humor característico e as linhas mais negras que definem a sua escrita e os mundos que constrói, continuando a consegui produzir no leitor alguns calafrios. Ainda assim, este volume é fraquinho quando comparado com os anteriores. Sempre achei que nesta saga Anne Bishop nos alerta muito para os perigos do aquecimento global, para o que pode acontecer se nos esquecermos de tomar conta daquela que é o nosso lar num sentido mais lato do termo. As preocupações continuam a estar lá bem como os alertas para os perigos da falta de aceitação das diferenças do outro, da descriminação em função de raça ou comportamento mas... faltou algo.

O mundo de Os Outros é um mundo com que nos conseguimos identificar automaticamente pois, na sua raiz, é o nosso mundo, aquele em que o leitor vive. As personagens são muito diversificadas mas também muito reais pois que pejadas de problemas, dúvidas, sonhos e convicções pelos quais devem lutar na medida das suas forças. Estas mesmas personagens vão evoluindo a olhos vistos desde o primeiro volume e sempre na medida em que os acontecimentos têm impacto nelas e nas alterações de comportamento que vão manifestando em relação àqueles que as rodeiam. Claro que a evolução tem que ser mais lenta ou estancar temporariamente nalgum ponto da narrativa, é impossível conseguir um ritmo de evolução constante, e foi isso que aconteceu neste livro. A evolução dos personagens parou, não surpreenderam, não reagiram de modo inesperado, mantiveram um comportamento constante e que fez com que a narrativa perdesse. Em certos momentos chegou a parecer-me que não sabiam como se comportar na sua própria história, pareciam perdidos. Além disso, neste volume aparecem novos personagens que se juntam ao já numeroso elenco e foi aqui que mais me pareceu que a autora perdeu o rumo do que estava a fazer.  Não houve um controlo efectivo dos personagens pré-existentes e a adição de novos elementos apenas serviu para aumentar a confusão o que fez com que o livro perdesse imenso. Há muita coisa a acontecer em vários cenários diferentes e com inúmeros personagens e quer-me parecer que a autora não conseguiu gerir com sucesso todo o volume de informação e acção que nos queria passar.

A dificuldade na leitura é gerada unicamente pelos personagens e pela falta de acção efectiva nos primeiros 3/4 do livro. As coisas vão acontecendo mas não há impacto, a inercia marca a acção dos intervenientes que vão sempre adiando uma reacção por várias ordens de razões. Vemos as coisas acontecer a um ritmo lento à medida que passamos as páginas mas ninguém se apercebe realmente do que está a acontecer, os personagens estão tão adormecidos que não juntam 2+2 e não há quem reaja como esperaríamos (parecia que a autora andava a encher chouriços sem saber muito bem que caminho seguir para atingir o resultado que queria). Quando finalmente há uma resposta às acções e provocações dos vilões ela é de facto arrasadora e a acção aumenta de forma muito considerável. Os acontecimentos finais são  uma visão verdadeiramente apocalíptica e é aqui que vemos, pela primeira vez neste volume, a Anne Bishop de sempre. Implacável, mortífera e destrutiva mas sempre justa, conseguindo deixar o leitor com mais perguntas que respostas como é seu apanágio.

O aumento da acção do outro lado do Oceano foi um dos pontos mais positivos bem como a definitiva adopção de uma "alcateia humana" por parte da comunidade de habitantes do Pátio de Lakeside. A primeira deixa antever viagens e novas interacções, a segunda faz-nos pensar no impacto que tal comunidade pode vir a ter no desenrolar do fim do mundo. Quanto à relação entre Meg e Simon... lamento mas não estou mesmo assim tão interessada em saber se vão finalmente formar um par amoroso. Não é esse o elemento que me faz adorar esta saga que prima sobretudo pela mensagem subjacente que nos é deixada.

Não me interpretem mal, gostei bastante deste penúltimo volume e estou mortinha pela edição do próximo mas, comparativamente, é de longe o mais fraco até à data.

5.5/10


sábado, 11 de março de 2017

O que ai vem...




A autora portuguesa Sandra Carvalho Anunciou recentemente no seu site oficial o lançamento do segundo volume das Cronicas do Vento e do Mar. O lançamento será já no dia 15 deste mês pelas mãos da Presença. A autora adiantou ainda que As Cronicas do vento e do Mar serão uma trilogia sendo que os leitores não terão que esperar muito pelo terceiro volume que será editado em Junho por altura da Feira do Livro de Lisboa. :) Digam lá se isto não são boas notícias?
Enquanto dia 15 não chega deixo-vos com a imagem de capa e a sinopse disponibilizadas pela autora.






quinta-feira, 9 de março de 2017

Gravar as Marcas

Autor: Veronica Roth
Título Original: Carve the Mark
Edição: Harper Collins
ISBN: 9788491391111


Numa galáxia dominada pela corrente, todos têm um dom.
Cyra é a irmã do tirano cruel que governa o povo de Shotet. O dom-corrente de Cyra confere-lhe dor e poder, que o irmão explora, usando-a para torturar os seus inimigos. Mas Cyra é muito mais do que uma arma nas mãos do irmão; é resistente, veloz e mais inteligente do que ele pensa.
Akos é filho de um agricultor e do oráculo de Thuvhe, a nação-planeta mais gelada. Protegido por um dom-corrente invulgar, Akos possui um espírito generoso e a lealdade que dedica à família é infinita. Após a captura de Akos e do irmão, por soldados Shotet inimigos, Akos tenta desesperadamente libertar o irmão, com vida, custe o que custar.
Então, Akos é empurrado para o mundo de Cyra, onde a inimizade entre ambas as nações e famílias aparenta ser incontornável. Ajudar-se-ão mutuamente a sobreviver ou optarão por se destruir um ao outro?



Conhecemos Veronica Roth com a trilogia "Divergente" que além de ter sido um enorme sucesso ao nível da leitura e venda de livros, se tornou um verdadeiro sucesso de bilheteiras aquando da sua adaptação ao grande ecrã. Mas desengane-se quem pensa que com este livro vai ter algum tipo de aproximação ou regresso ao mundo de "Divergente" pois este volume está longe de ser semelhante àquela trilogia. Na verdade e tendo apenas este primeiro volume como referência (a coisa pode mudar com os volumes seguintes), "Gravar as Marcas" está longe de me conquistar como a anterior obra da autora
A acção tem lugar num worldbuilding algo especial, um planeta distante povoado por duas civilizações inimigas, os Thuvhe e os Shotet, (com um ódio mútuo a condizer com a inimizade que os marca) e cujos habitantes são marcados por um dom que se revela geralmente no inicio da puberdade. Os dons (que como em tudo na vida podem ser encarados como fardos pelos portadores) são "concedidos" pela Corrente, literalmente uma corrente de energia cósmica que percorre a galáxia e é adorada quase como uma divindade. No início do livro os nossos personagens principais são apenas crianças e são-nos apresentados junto as respectivas famílias o que contribui de alguma forma para uma melhor compreensão das suas personalidades e acções tendo em conta que o ambiente que nos rodeia nos influencia sempre muito mais do que estamos prontos a admitir. Akos é um jovem oriundo de uma das mais importantes famílias Thuvhe. Vive com os pais e os irmãos num local calmo e onde impera a ordem e o amor. Cyra, por sua vez, é a filha mais nova da família regente Shotet e ainda que muito amada pela mãe, a sua vida é marcada pela violência e sadismo que reina no palácio. A vida corre com normalidade até ao dia em que, sem que haja obrigatoriamente uma relação de causa-efeito entre todos os acontecimentos, Cyra descobre o seu dom - a dor - Shotet ataca Thuvhe e rapta Akos e o irmão mais velho e o dom de Akos - bloqueio da Corrente -se revela. A partir daqui vão nascer inimizades, juras de vingança, actos de revolta e também estranhas amizades (desculpem mas não posso adiantar muito mais sem cair em spoilers, a sinopse já faz danos suficientes). 

Ainda no que diz respeito aos personagens, devo dizer que quem causou verdadeiro impacto foram os maus da fita e não os personagens principais. Não é que não goste da Cyra e do Akos mas a verdade é que os achei demasiado planos.  A acção decorre durante um longo período de tempo contudo a evolução esperada não se verifica. Akos continua lutador mas muito naif e Cyra resignada apesar de ser psicologicamente muito forte... Não há uma real evolução nas personalidades e esse facto deixou-me algo desinteressada. Já os mauzões... conseguiram por-me os nervos em franja em determinadas alturas. :) Há depois um conjunto de personagens secundários que, a meu ver, estão algo melhor construídos que os personagens principais. Ou seja, pendem mais para o bem ou mal mas são mais humanos na medida em que não são uns bonzinhos inocentes ou uns vilões inveterados - são como nós e consequentemente, menos previsíveis. Enfim, espero sinceramente que as personalidades de Akos e Cyra evoluam num próximo volume porque são eles o elo mais fraco, os personagens de quem mais se espera e que mais desiludem.

Mais uma vez, a ideia é boa, há aspectos muito interessantes neste worldbuilding e na caracterização das várias civilizações que habitam nesta galáxia o problema é o modo confuso como a informação nos chega. Confesso que demorei um bocado a entrar neste novo mundo e que o facto da maior fatia da narrativa ser composta por diálogos não ajudou muito, quando a autora se dedica à descrição o resultado é muito melhor (adorei a cena do festival azul, por exemplo, ou o "povo da água" e o seu planeta) do que quando a informação nos chega por diálogo. 

Devo dizer que não encontrei as referências racistas e anti-islâmicas que deixaram revoltados tantos leitores por esse mundo fora (nomeadamente nos EUA).  É verdade que os Shotet fazem anualmente uma peregrinação pela galáxia que pode ser comparada com a romagem dos muçulmanos a Meca mas... Não rumam os católicos a Lourdes ou até Fátima pelo 13 de Maio tal como o fazem tantos outras culturas em relação a outros locais de culto? Também os Shotet usam o termo clérigo. Pois, exacto, nós também!! A cor da pele deles é algo mais escura que a dos Thuvhe o que também é normal dado o facto de os Thuvhe viverem numa região mais fria e com menos sol. Que eu saiba os portugueses também costumam ser mais morenos que os islandeses, por exemplo. A sociedade Shotet tem costumes que podem ser considerados mais bárbaros, como aquele que dá o nome ao livro - gravar na pele as marcas das mortes infligidas. Ora, este elemento não me parece racista. Nas sociedades mais bélicas sempre houve a tradição de, de algum modo, assinalar as conquistas e isto acontece tanto em África como acontecia na sociedade Viking. Enfim, neste caso concreto, parece-me que o preconceito está mais nos olhos de quem lê do que na mão de quem escreveu mas nada melhor que lerem vocês mesmos para tirarem as vossas próprias conclusões. 

Resumindo e concluindo, é um livro que se lê muito bem e o worldbuilding é bastante interessante depois de começarmos, de facto, a compreende-lo. O ponto fraco são os personagens.

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Acho que voltei!!!

Olá, olá

Não sei muito bem quantos de vocês ainda estarão ai por esse lado. Apraz-me pensar que algumas das pessoas que tão bem fiquei a conhecer (a nível virtual, claro) ainda possam por aqui passar de vez em quando na esperança de que eu, de algum modo, tenha decidido armar-me em fénix e ressuscitar das cinzas este meu cantinho.  Há alguns tempos que, confesso, ando com vontade de o fazer. Hoje decidi dar o primeiro passo nesse sentido e espero conseguir manter alguma regularidade. Sei que foram 2 anos de ausência mas... estava a precisar (sinceridade acima de tudo!!). O blog começou como uma coisa que eu fazia por prazer, para mim mesma e nos finalmentes já era uma obrigação, já começava a haver pressões que me eram alheias e o prazer... foi-se. Espero conseguir levar as coisas por um rumo diferente desta vez (vou mesmo esforçar-me. É para mim e para partilhar convosco algo que me dá muito gozo e nada, mas mesmo nada, mais que isso).

Em dois anos, devo dizer-vos, a minha vida mudou muito e houve momentos em que, mesmo que quisesse muito, nunca poderia ter mantido este espaço mas nunca, nunca deixei de ler (era o que faltava!!). Não tenho as estatísticas todas actualizadas mas posso dizer-vos, acaso estejam curiosos, que apesar dos números serem muito mais baixos, no ano de 2016 consegui ler 30 livros (alguns deles releituras) e que me comecei a aventurar nas leituras em francês (ah, ah... antes tinha medo do inglês, lembram-se?  Agora já devoro tudo. Inglês, francês, espanhol.... sempre a evoluir).
De todas as leituras de 2016 e cujas opiniões faltam, obviamente aqui  (posso tentar fazer algumas mais tarde mas, cumprindo a promessa lá de cima... Isto é para satisfação própria e não vou prometer coisas que não sei se cumprirei), posso mencionar os que mais me agradaram:

Maus - Foi uma das primeiras leituras do ano e adorei. É uma banda desenhada na qual o autor retrata a vida do pai sob o domínio Nazi e todas as consequências que isso acaba por acarretar no presente. Os judeus são retratados como ratinhos e os nazis como outros animais o que acaba por retirar um bocado a carga mais pesada que o relato poderia ter se feito de outro modo e torna a leitura mais fácil. 

Trono dos Crânios - Peter V. Brett voltou e eu não consegui resistir, obviamente. Neste volume notam-se cada vez mais as diferenças culturais entre dois povos em conflito aberto e os personagens crescem imenso conseguindo, no entanto, manter (e até criar) algum mistério quanto aos seus passados, aos seus futuros e sobretudo às tomadas de decisão. Longe de me esclarecer, fiquei com mais questões do que no início da leitura e (juro) quando terminei teria avançado logo para um novo volume se tal fosse possível.

Quinta Estação - Por fim, Mons Kellentoft dá-nos a conhecer o que aconteceu a Maria Duvall, personagem que nos acompanha desde o inicio desta saga (este é o 5º volume) num livro que, mais que revelador, é algo assustador. Numa Europa marcada pelo preconceito, racismo e corrupção em todas as áreas a polícia depara-se cada vez mais com crimes de gelar o sangue e com resoluções cada vez mais complicadas. Malin Fors, a detective e personagem principal, continua a revelar uma personalidade complexa e cheia de espinhos.

Saga Mistborn - Li a saga toda de seguida e sem conseguir parar para respirar entre volumes. Há muito que ouvia falar destes livros mas... nunca tinha acontecido. Shame on me, podia ter-me dedicado a eles mais cedo. Personagens complexas que nos enchem as medidas, um worldbuilding espectacular e uma intriga constante que não nos deixa desviar os olhos das páginas. Se ainda não leram não sabem o que estão a perder  (sei que estão um bocadinho carotes mas... aproveitem as promoções, vão à biblioteca, peçam emprestado... façam algo porque vale a pena).

Perguntem a Sarah Gross - passado e presente entrelaçam-se numa narrativa muito agradável e com algum mistério para nos revelar a vida de Sarah, uma sobrevivente do regime nazi. As descrições são muito vividas, dei por mim a ver o filme todo na minha cabeça enquanto os meus olhos absorviam o formato das letras, e coloridas e o final é bastante surpreendente. E, para melhorar as coisas, é de um autor português. :) Temos sempre  a mania que o nacional não presta, aqui está a prova do contrário. Leiam.

Malefico - aos restantes fãs de Donato Carrisi as minhas desculpas. O livro ainda não foi editado por cá mas quando, no verão, tive a oportunidade de o ler em francês não pude mesmo resistir. Não há muito a dizer, é o autor no seu melhor. Um mistério algo complexo com uma vertente de psicologia criminal muito forte, como é apanágio de Carrisi, e um Marcus completamente confuso e perdido que empresta outra aura à leitura. Adorei.

Deixo-vos por agora (vou fazer uma encomenda na wook.... :)) mas fico à espera dos vossos comentários e desafios. 
Até breve